Especialistas afirmam que ter autocontrole é essencial na hora de prevenir doenças psicológicas causadas pelo uso de tecnologias digitais
POR ANA FLÁVIA SANÇÃO
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Dulciana Costa fala sobre os perigos de uma dependência compulsiva da tecnologia atualmente. (Foto: Equipe Grupert) |
“Há pontos positivos na tecnologia, mas será que são realmente pontos positivos, da forma que os usamos hoje em dia?”, questionou a psicóloga Emanuelle Camelo neste sábado (17), durante palestra no palco Feel the Future, na Campus Party Natal 2019. A temática A relação da tecnologia e a saúde mental foi trazida por ela e pela psiquiatra Dulciana Costa, ambas funcionárias da Coordenação de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde.
Num ambiente repleto de computadores, laptops e palestras sobre como a tecnologia pode ser aplicada em diversas áreas da nossa vida, não se espera que haja um debate sobre os efeitos negativos que tal imersão contínua e sem pausas, como a da Campus, pode causar nas pessoas. Mas foi justamente o contrário que aconteceu.
Iniciando com os pontos positivos que o mundo digital nos proporciona — produtividade, auto educação, proximidade, comodidade —, as profissionais trouxeram o questionamento de até que ponto esse contato não é prejudicial. Desde efeitos negativos no físico corporal, como postura precária e respiração irregular, aos efeitos psicológicos mais sérios — depressão, ansiedade, transtornos alimentares, morte neural e dependência compulsiva.
As especialistas também apontaram formas de lidar melhor com a tecnologia diariamente. Para Dulciana, “trabalhar o autocontrole” é essencial — pausas, preservação do sono, socialização, busca por atividades adjacentes e ajuda profissional, em casos mais extremos, são essenciais para que o uso não seja prejudicial. “A gente deve se observar. Cada um [deve] procurar em si os aspectos positivos e negativos”, explicou.
Uma dos questionamentos do público foi sobre as razões por trás da dependência que nos faz sentir tão apegados aos equipamentos eletrônicos e as ferramentas digitais. Em comum acordo, Emanuelle e Dulciana apontaram que o ser humano normalmente projeta a busca por questões mal resolvidas na “utilização desses instrumentos e transformam algo positivo em negativo”.
Dulciana ainda fez um comparativo do consumo compulsivo das tecnologias com a teoria da automedicação, na qual indivíduos consomem por contra própria substâncias como forma de lidar com situações negativas, criando um paralelo entre tecnologia e o uso de drogas e entorpecentes. “A humanidade sente necessidade de preencher vazios existenciais”, finalizou.
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