Por Luiz Henrique Gomes
A descrença nas instituições
e a distância dos nossos representantes políticos levam o povo brasileiro à
barbárie. Na capital potiguar, os fatos dos últimos dias deixam evidentes o
quanto perdemos a crença na justiça do Estado e o senso de civilização. Seja
qual forem os caminhos tomados pelo cenário político, a tarefa de recuperar a
confiança da sociedade não será fácil.
Aqui em Natal, pareceu mais
justo e efetivo humilhar dois adolescentes, deixando-os nus e amarrados um ao
outro para forçar uma corrida numa das principais avenidas da cidade, e tentar
matá-los de forma cruel, jogando-os da ponte de Igapó amarrados em pedras, do
que procurar as autoridades competentes que cuidam da segurança pública. O
absurdo continuou na repercussão do caso: parte dos potiguares aceitou o crime
como justo e bem pregado.
Mas como cobrar da população
confiança nas instituições? O número de assaltos cresce em Natal dia após dia,
a crise do sistema prisional se agrava com o crime organizado tomando conta dos
presídios, assassinatos são cada vez mais frequentes, seja execuções da PM,
latrocínio, ou guerra entre facções. Isso aliado a outras ineficiências
institucionais: afinal, a situação da saúde, educação e transporte público da
cidade também não é das melhores. O que não está desmoronando é porque já
desabou.
É nesse cenário que o nosso
povo assiste aos fatos do Planalto Central. Mesmo que o processo do impeachment
seja reprovado e nossa democracia respeitada, restando resquícios da moral
política do país, é difícil imaginar que deixarão Dilma governar. Além disso,
não faltam oportunistas no congresso nacional que estejam transformando seu
voto no processo como moeda de troca por cargos e posições importantes num
futuro governo, seja ele peemedebista ou petista. O discurso que ganha o apoio
dos principais jornais do país, a convocação de eleições gerais, também tem
seus perigos para o Brasil. Visto pela mídia, tudo parece mais ficção que realidade.
Quem vai ganhando espaço com
isso é o fascismo. Nas ruas e nas mídias. A imprensa também vive sua crise de
credibilidade, e quem se sobressai é o jornalismo sensacionalista que atiça e
bestializa a população. Crimes cometidos em nome de uma justiça são aclamados
nos jornais do meio-dia. Para eles, quanto mais violento, melhor.
Portanto,
quem mais
necessita do Estado é alimentado pela raiva desses jornais e assiste os fatos
políticos nacionais sem sentir que o resultado da confusão e da incerteza vai
afetar seu futuro. Prova disso é a saída às ruas, pelo impeachment ou pela
defesa da democracia, que não abraçou essa parcela da sociedade. Para eles,
Brasília virou um simulacro que não tange as suas vidas. Por isso, o que
aconteceu em Natal, infelizmente, não é um caso isolado: a sensação de falência
das instituições levam essas atitudes para todos os cantos do país.
Dois adolescentes foram conduzidos nus e amarrados até a ponte de Igapó, onde foram obrigados a pular. Fonte: Novo Jornal.
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