Por Luana Aladim
O auditório do Departamento de Comunicação da
UFRN ficou pequeno para a quantidade de olhares curiosos e corações cheios de
orgulho e ansiedade. A Primeira Mostra Cinematográfica contou com os frutos da
Oficina de Fotografia, realizada nos primeiros meses de 2016: curtas-metragem
produzidos por calouros de Comunicação Social.
Os curtas-metragens foram produzidos com o
intuito de colocar em prática o que foi aprendido na Oficina, idealizada pelo
estudante de Radialismo da UFRN Daniel Souza. Abordando conteúdos como
iluminação, enquadramento, foco, edição de vídeo e a produção de roteiros, a
Oficina nasceu, segundo Daniel, da necessidade da melhoria da produção visual na
academia: “Quando aparecia um trabalho,
um estágio, uma bolsa, alguma coisa que exigisse esse conhecimento, ninguém
tinha... Então pensei ‘por que não ajudar a galera
nesse sentido já que trabalho com isso?’. Inicialmente seria só pra minha turma
de rádio, mas decidi abrir pra todos já que achava que a procura não seria
grande. Foi então que apareceram 150 pessoas interessadas (risos).”
Alessa
Oliveira, aluna do curso de Comunicação Social/Jornalismo da UFRN foi produtora
de um dos vídeos apresentados. Apaixonada por fotografia, a caloura disse que
aprendeu novas técnicas na Oficina, mas que também enfrentou desafios: “O primeiro desafio é que no vídeo a coisa
acontece por mais tempo. Na foto, por exemplo, se eu quiser manter o foco, eu
mantenho o foco naquele segundinho. No vídeo, não: é uma coisa contínua, a
gente tem que pensar que o ator vai fazer todo um movimento com o corpo e a
câmera tem que estar pronta pra acompanhar esse movimento. Outra coisa é a
questão do som – não temos esse problema na foto, mas no vídeo sim. Aprendi que
o silêncio é muito importante porque muitas vezes eu queria falar enquanto a
cena acontecia, mas eu não podia estar ali só pensando na imagem: era todo um
conjunto.”
O
evento contou com a participação de alunos, pais e professores numa noite
marcante. O tema dos curtas foi algo que chamou atenção: fugindo do padrão da
cultura mercadológica do riso, explorou o suspense e o drama psicológico. As
técnicas aprendidas em sala foram exploradas com sabedoria pelos estudantes
que, ainda no primeiro período, já conseguiram chamar a atenção de professores
e veteranos por causa da força de vontade e do comprometimento com o projeto.
Sobre esse assunto, o jornalista e Doutor em Comunicação Juciano Lacerda
emocionou-se ao comentar: “Isso tudo me
lembra da época da minha graduação que quando estudante tomava a frente, ia
atrás do núcleo de documentação da UFPB, pedia câmera emprestada, convidava
professores para dar oficina pra gente e isso resultou em muitos produtos,
prêmios... Acho importante esse interesse dos alunos na produção
cinematográfica e essa exibição é fundamental para o curso e para a formação
desses novos alunos. É muito emocionante ver que, já no primeiro semestre eles
estão tendo contato com isso. Espero que essa dinâmica continue para que possam
surgir mais produções.”
Abner
Moabe, estudante de Comunicação Social /Jornalismo da UFRN, que já está perto
de terminar sua graduação, brincou: “Me
sinto humilhado (risos).” Abner ainda comentou sobre o aspecto da
teorização do conhecimento na Universidade Federal, dizendo que é preciso buscar
a prática – principalmente aqueles que não pretendem seguir a vida acadêmica: “Pra quem entrou agora numa Universidade
eles já estão bem encaminhados... Avançaram muito em pouquíssimo tempo: é uma
turma que promete. A produção audiovisual no Rio Grande do Norte é algo que
ainda está engatinhando, mas os festivais estão aparecendo. Essa turma até o
final do curso com certeza estará se desenvolvendo no campo regional e
nacional.”
Para
uma Primeira Mostra Cinematográfica os resultados surpreenderam. Não apenas
pela questão técnica, mas também pela sensibilidade que os alunos tiveram ao se
depararem com a sétima arte. Teve até quem inovasse usando o celular para
gravar todo o filme e a qualidade não foi menosprezada, mostrando que a
criatividade e o interesse são poderes superiores à falta de recursos.
A
emoção foi constante durante todo o evento: olhos marejados e sorrisos nos
rostos pelo sentimento de dever cumprido. Aos espectadores restou a curiosidade
e a esperança para as futuras criações, afinal, essa geração está bem enquadrada
para seguir produzindo com foco.
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