Por Thayane Guimarães
Junto aos mais de 570 mil jovens
eleitores entre 16 e 18 anos dos 167 municípios do Rio Grande do Norte, as
eleições de 2016 para prefeito e vereador foram a primeira vez em que digitei
meu voto numa urna eletrônica.
Muito se passou de campanha
eleitoral até o domingo 02 de outubro, porém a experiência só se tornou real e
sólida quando o primeiro carro de som passou na calçada da casa da minha avó.
“Ela vem aí...” estrondava pela rua uma voz forte e potente vinda de um Fiat
Palio todo adesivado em amarelo, enquanto uma leva de pessoas vestidas de verde
entoava o hino do seu candidato em resposta.
Populismos: política em cidade de interior
é algo que toma proporções épicas. Como religião de exércitos, mobiliza as
almas, mexe com os receios e desejos de cada um, infla o ego e as mágoas contra
o adversário, e faz com que, durante o final de semana das eleições, importe
apenas as leis que o Tribunal Superior Eleitoral instituiu.
Bombas, rojões, fogos de artifício,
faixas, cartazes, adesivos, santinhos, bótons, bandeiras, camisas e cores se
distribuíram pela cidade. Como lados de um cabo de guerra, quando a batalha se
afunila aos dois últimos finalistas, cada candidato se mantém firme e convicto
até a corda arrebentar e a parcela mais forte e poderosa em apoio popular triunfar.
Não importa toda a corrupção por trás de um voto: só o conjunto majoritário e
massivo representa o povo e sua decisão, por mais acirrada que ela seja.
E assim foi o domingo eleitoral,
quando a tensão tomou conta do Brasil e os resultados que mexem diretamente com
a vida diária de todos nós se demoravam a sair.
E saíram.
Respirando juntos novamente, todos nós,
brasileiros, irrompemos em gritos, felizes e indignados. Buzinas soavam. Os
mais fracos em espírito, carregando a derrota na bagagem de mão, deixavam às
pressas a cidade, numa procissão silenciosa sem sorrisos.
Enquanto isso, como um mar de
esperanças e festividade, vi uma cidade se concentrar diante de um trio
elétrico para consagrar a vitória de uma candidata que prometeu pôr fim a um
monopólio de 16 anos de poder. Caminhei junto a multidão por 4km para, em meio
a um dos bairros mais pobre do município, ver o grito de liberdade e
exasperação de um povo que não se via representado nas gestões passadas. Enfim,
libertos.
A política me intriga. Todo o seu
proceder. Pendulo entre a rejeição e a admiração. Meu primo, após uma discussão
sobre o assunto, me disse: “A política é linda”. Apesar de manter meu pé atrás
com tudo que sei sobre o meio, depois do que presenciei nessas eleições, não
posso negar seu quê de beleza.
O primeiro de muitos votos. Que
continuem surpreendentes e edificantes.
*** Ao leitor: Espero que tenha
votado bem. A missão do seu candidato só está começando. Não ignore o feito,
continue a avaliar a gestão dele e se suas promessas estão sendo cumpridas.
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Parabéns! Muito bem redigido o texto de tamanha grandeza.
ResponderExcluirParabéns! Muito bem redigido o texto de tamanha grandeza.
ResponderExcluirParabéns Thayane e também ao papai que deve estar todo fofo pelo belo texto da filhota. Muito leve, sensível e delicioso de ser lido. Gosto muito da política, de compreender a necessidade de representação. Nojo, tenho apenas de perceber que o abandono do poder....votamos e achamos que isso basta.......não acompanhamos, não cobramos.....não nos envolvemos......é como assinar um cheque em branco e TORCER que só seja usado para o que me interessa......isso é ilusão, a chance de decepção é enorme.....nosso voto é este cheque em branco, só terá bom uso se nosso representante souber que estamos lhe vigiando de muito perto......em 2016 faz 31 anos que voltamos a votar e por todo este tempo assinamos tantos cheques em branco e permitimos que usassem como quisessem todos estes cheques em branco que eles acabaram construindo verdadeiras fortalezas, em formas de leis e privilégios que hoje os protegem de seus "patrões" que somos todos nós. Enfim Thayane parabéns pelo seu belíssimo texto....Este hoje é em meu ver o desafio que sem demora teremos que enfrentar, se ainda quisermos em algum momento tomar as rédeas e ditar os passos daqueles que elegemos como nosso legitimo representante. Conto com sua inteligência apurada e com o frescor das suas jovens ideias para, se possível, apontar um caminho lúcido aonde possamos trilhar.
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