Por Ana Flávia Sanção
A Semana de Ciência,
Tecnologia e Cultura é o principal evento acadêmico do ano da UFRN. Unindo
todos os campi e áreas de estudo, a feira convoca os visitantes a explorarem a
pluralidade de conhecimentos e costumes, desde projetos tecnológicos a amostras
culturais. Nesse ano, apresentada com o tema Nós no Planeta, a exposição dos
estandes aconteceu do dia 19 de outubro até o dia 21, das 8h até às 21h.
Com uma quantidade de
visitantes diária que varia entre 20 a 25 mil pessoas, a Cientec é o maior e
mais importante evento educacional do estado, estando entre os principais do
país. Ela reúne numa só exposição todas as áreas de estudo e pesquisa da
instituição e atrações culturais diversas, criando um espaço de interação e
diálogo entre a comunidade acadêmica e a população do estado.
“A Cientec tem essa
busca de ser realmente um evento integrativo e que ponha em sintonia a produção
acadêmica com o momento de vida da sociedade que acolhe essa produção”, conta
Leonardo Mendes Álvares, Técnico em Assuntos Educacionais e Coordenador Adjunto
de Atividades Acadêmicas.
É baseado nesse
propósito de inclusão social que o tema Nós no Planeta foi escolhido para
batizar a semana desse ano. A proposta da temática é fazer com que pensemos
sobre a nossa relação com o mundo em que vivemos, de que formas as nossas
atitudes podem alterar, para o bem ou para o mal, o nosso ambiente de
convivência. Esse tema foi, pela primeira vez, escolhido com participação direta
da comunidade acadêmica, através de uma enquete disponibilizada pela Coordenação
Geral no portal da Universidade e nas suas mídias sociais.
Os
estandes e as amostras culturais
Foi aprovado um número de 232 estandes, dispostos em quatro pavilhões e zonas de
exposição. Os projetos englobavam as principais áreas do saber: linguagens,
biológicas, humanísticas e tecnológicas, aplicados com metodologias dinâmicas e
interativas para os visitantes. Haviam também estandes de instituições convidadas, como a STTU, e escolas
particulares, que veem mostrar aos visitantes um pouco do trabalho que fazem
durante o ano com seus alunos.
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Pinturas de rosto no estande A Cultura Hispânica através do Cinema. Imagem: Gemyma Medeiros. |
As propostas dos
projetos são avaliadas às cegas — sem que o avaliador conheça o proponente e
vise-versa — por professores, doutores, técnicos, pessoas que possuem habilitação necessária para avaliar os conteúdos de acordo com a sua
área de educação. Há um estímulo para que esses projetos se liguem ao tema
central da feira, apesar de não ser um
critério obrigatório.
Muitos
das criações chamam atenção pela abordagem diferente e inovadora. Um dos
destaques desse ano foi a exposição da coleira Blind Dog, criada por Luana
Silva, mestranda de Engenharia da Computação, que ajuda cachorros cegos a
desviarem de obstáculos através de um sistema de alerta vibratório. Outro popular foi o Planetário Barca dos Céus, veterano da Cientec, que conseguia até 300 visitantes diários em suas sessões de apresentação.
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Amostra da coleira Blind Dog. Imagem: Gemyma Medeiros |
Além
de apresentar áreas de pesquisas da comunidade acadêmica, os trabalhos da
Cientec ajudam futuros alunos universitários a tirarem dúvidas sobre o curso de
graduação que querem seguir. Carla Patrícia, estudante da terceira série do
ensino médio da Escola Municipal Yayá Paiva, em Nísia Floresta, pretende cursar
enfermagem e conta o que acha da importância da feira nessa decisão. “Às
vezes a gente está interessando num curso e muitas vezes não é aquilo que a
gente acha que é. Até quem já escolheu, mas que precisa saber de algo para
saber se é realmente aquilo que ele quer”.
A
programação cultural da Cientec reuniu, igualmente, inúmeras mostras artísticas.
Foram 37 atrações convocadas pelo Circuito Cultural e 29 pelo SIGAARTE. Através
do Programa Acessibilidade Cultural, aconteceram sete Cines UFRN e dois Chão de
Saberes. As apresentações trouxeram artísticas locais, companhias de danças,
grupos de teatro e títulos cinematográficos. Em destaque, com direito a um posicionamento
político através de cartazes “Fora Temer”, tivemos a Orquestra Sinfônica da
UFRN, abrindo oficialmente o evento.
O desafio de ultrapassar os
cortes de orçamento universitário
Um
dos maiores desafios encontrados pela Pró-reitoria de Extensão, Proex, foi criar
uma Cientec com o mesmo nível de qualidade das edições anteriores com uma
quantidade de custos reduzida.
Esse
ano, os recursos disponibilizados pela UFRN para a feira foram um terço do que ela possuía há duas edições. Como não há entrada de capital externo na
produção do evento , os organizadores tiveram de fazer mais com menos dinheiro.
“Somos membros da administração
pública e de uma instituição pública, o nosso desafio diário é exatamente o
desafio de fazer mais com menos. Esse desafio para nós, esse ano, foi bastante
maior, porque cair para um terço do recurso que a gente tinha há dois anos
significa tentar fazer uma feira que vinha numa curva crescente de
envolvimento, de participantes. E esse ano a gente tem uma estrutura física menor para
acolher esses trabalhos”, explicou Leandro, o Coordenador Adjunto de
Atividades Acadêmicas.
A diminuição desses
recursos alterou diversos componentes da feira, desde quantidade de dias de
exposição, nessa edição foram três dias ao invés de quatro, até o número e a
montagem dos estandes, os quais muitos foram divididos por dois grupos
diferentes através de uma meia parede, visto que no dia seguinte outro grupo os
ocuparia, pois montar e desmontar paredes diariamente aumentaria os gastos.
“A gente fez o máximo
que a gente pode para enxugar o que poderia ser enxugado e manter o que era de
qualidade, o que não poderia deixar de sair da feira”, declarou Breno Cabral,
Pró-Reitor Adjunto de Extenção. “Para que as pessoas não percebessem essa
redução da feira e, principalmente, para que não perdesse nada de qualidade.
Acredito, pelo que estou vendo, que conseguimos.”
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