Recentes

Insegurança cresce no Campus da UFRN

Assaltos refletem o clima de violência em Natal e amedrontam comunidade acadêmica


Por Joan Fontes, Letícia Medeiros, Lorena Souza, Milka Moura e Rafael Lopes

img-20170522-wa0008.jpg
Parada do Setor II: ponto de incidência de assaltos (Foto: Joan Fontes/Agência Fotec)

Os níveis de insegurança na cidade de Natal estão cada vez maiores, e o campus da UFRN não foge dessa realidade. De acordo com o especialista em segurança pública Ivênio Hermes, o ano de 2017 já aponta ser o mais violento da história do Rio Grande do Norte e na universidade, o clima de perigo inquieta quem por ali passa.
Ivênio, que foi Consultor de Segurança na universidade em 2015, realizou no mesmo ano dois estudos sobre a violência no campus. “Durante minha permanência, fizemos um levantamento interno, para mapear os ilícitos que pudessem impactar no convívio de alunos, professores, servidores e prestadores de serviços em geral, e um externo, para aferição da violência no entorno. Cada um possuía uma finalidade diferente”.
A partir dessas pesquisas, foram derivados um curso de segurança cidadã para servidores da área de segurança e um plano estratégico entre as forças do Estado e da instituição. Além disso, utilizaram um mapa interativo criado pela página do Spotted UFRN 2.0 no Facebook, em conjunto com alunos. Conhecido como Mapa da Insegurança na UFRN, aponta locais e horários onde ocorreram assaltos no campus através da plataforma Google Maps.
img-20170531-wa0011.jpg
Mapa da insegurança no campus da UFRN (Reprodução: Google Maps, Spotted UFRN 2.0)

Os assaltos ocorrem com mais frequência nas paradas de ônibus do Centro de Biociências e do Setor II, geralmente pela manhã ou no fim da tarde, de acordo com relatos de estudantes publicados na própria página.

Nesta quarta-feira (21) por volta das 21h, nas proximidades da parada do Setor II, houve troca de tiros entre seguranças da UFRN e suspeitos de assalto. Segundo a Central de Segurança da instituição, o assalto em si não foi no campus mas numa residência da vila dos professores, em Capim Macio.

De acordo com a Polícia Militar, o carro roubado que estava sendo usado para a fuga, tinha bloqueador anti-furto e perdeu força ao passar pelo anel viário do campus. Um segurança foi atingido com tiro de raspão, mas não corre risco de morte, e um suspeito foi atingido com dois tiros, não há informações sobre seu estado de saúde. Outros três homens que estavam no carro fugiram ao entrar na mata do Parque das Dunas.

Ingrid Moana Pereira da Silva, 18, estudante de Biblioteconomia, foi abordada por dois assaltantes nas imediações do Departamento de Educação Física no dia 24 de abril, a caminho do Restaurante Universitário. “Estava pouco movimentado. logo que me viram anunciaram o assalto. Me ameaçaram apontando uma arma que fizeram questão de engatilhar na minha frente. Eu ainda pensei em correr, reagir, mas falaram que se eu isso fizesse isso, iriam atirar em mim. Levaram meu celular e alguns documentos. Me sinto a pessoa mais insegura da universidade. Pensamos que nunca vai acontecer conosco, mas qualquer um de nós está sujeito a isso. Em qualquer horário e momento. Estamos sempre como presas fáceis”, desabafa a aluna.

img-20170522-wa0015.jpg
Parada do Centro de Biociências: alta incidência de ocorrências (Foto: Joan Fontes/Agência Fotec)

De acordo com Ivênio, para resgatar a segurança da UFRN é necessário um planejamento público orientado para o problema. Definir quais são os locais e grupos suscetíveis, horários de incidência dos crimes, além de identificar pontos de acesso não patrulhados, bem como desenvolver treinamento contínuo para os seguranças. Também é essencial promover palestras de segurança individual e coletiva para alunos, professores e servidores.
“A segurança pública, tanto a parte que nos afeta como cidadãos como aquela que nos afeta como sociedade, precisa ter como protagonistas, demandadores e promotores de soluções, nós mesmos, que somos os interessados em viver em uma sociedade de paz”, finaliza Ivênio.
A assessoria de comunicação da UFRN (Ascom) e a divisão de segurança e patrimônio (DSP) não se pronunciaram a tempo do fechamento da matéria.

Nenhum comentário