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Henrique Meirelles: “Tenho certeza que vou ganhar as eleições”

Confiante do seu desempenho nas urnas em outubro, o pré-candidato do MDB defende a plataforma econômica do governo Temer e é cortejado por empresários em Natal

Por Augusto Ranier e Yuri Gomes

Na última quinta-feira (12), esteve em Natal o pré-candidato do MDB à presidência da república, Henrique Meirelles, palestrando para empresários industriais no Fórum Caminhos do Brasil, organizado pela FIERN. O ex-ministro da Fazenda está viajando pelo Brasil em busca do apoio partidário para emplacar sua candidatura ao Planalto.

Henrique Meirelles, acompanhado do Senador Garibaldi Alves (MDB), em entrevista coletiva na FIERN. Divulgação: Fiern 

Com duas horas de atraso, Meirelles chegou à coletiva de imprensa quea antecedeu sua palestra. Não esperou as perguntas dos jornalistas e logo se adiantou em fazer uma introdução daquilo que iria falar mais tarde ao público. Começou falando sobre infraestrutura, tema revivido pela greve dos caminhoneiros, para declarar que uma de suas prioridades para a Região Nordeste é a conclusão da ferrovia Transnordestina. 

A sua passagem pelo Banco Central no governo Lula é sempre lembrada em seu discurso. Atribui a si próprio os méritos pelo crescimento econômico durante a gestão petista. “Muitas pessoas têm boas lembranças daquela época e com razão, à medida que, durante oito anos, estabilizei a economia e coloquei o país para crescer”, afirmou. 

Primeiros seis meses

O emedebista se esquiva de declarar que a sua gestão será uma continuação do governo mais impopular da história, do qual foi, até a sua saída, o nome mais importante. Contudo, não evita afirmar o seus “resultados concretos” e sinalizar para uma continuidade do trabalho feito no Ministério da Fazenda. 

Promete, em seus seis primeiros meses, aprovar um pacote com 15 projetos de lei, que incluem a autonomia do Banco Central, a criação do cadastro positivo, a reforma tributária do PIS/Cofins e a desestatização da Eletrobras. Todos os itens já foram apresentados ao congresso.

Evangélicos, aborto, legalização das drogas e casamento gay

Um dos candidatos mais próximos da comunidade evangélica, Meirelles, quando ministro da Fazenda, chegou a pedir “orações” pela economia aos fiéis da Assembleia de Deus. É comum a presença dele em eventos da igreja. Em maio, esteve em Natal presente na comemoração dos 100 anos da congregação no Rio Grande do Norte. 

Dessa forma, o político acena para o público da maior igreja pentecostal do mundo. Segundo dados da igreja nos EUA, são cerca de 22 milhões de membros no Brasil. São potenciais eleitores que possuem pautas ideológicas conservadoras e podem, assim, definir os rumos das eleições de outubro. 

Para conquistar seus fiéis, Meirelles faz pregações por igrejas de todo o Brasil. É um enorme palanque para o emedebista, que já conta com a máquina do maior partido do Brasil.

Os temas mais sensíveis ao eleitorado protestante são justamente aqueles menos tocados pelo discurso de Henrique Meirelles: as pautas identitárias. Sua estratégia de campanha parece avaliar que manter distância desses assuntos faz com que o seu nome seja viável para progressistas e conservadores. No entanto, questionado da sua posição sobre aborto, soou como um deputado da bancada evangélica: “No caso do aborto, sou favorável à vida”. 

No mês passado, Meirelles chegou a falar, em entrevista à Istoé, que liberaria o uso da maconha no país, caso eleito. A declaração repercutiu negativamente entre líderes evangélicos e o candidato logo tratou de marcar encontros com pastores se justificar, em Brasília e São Paulo, segundo noticiou O Globo. Na Fiern, o ex-ministro recuou na posição e explicou sua fala: “Em relação ao uso da maconha pelos jovens, eu disse que a pior solução possível é se pegar jovens consumidores e colocá-los na cadeia. Eles vão sair de lá bandidos”. 

Ao posicionar-se sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo, Meirelles se afastou do tema, mas usou-se do discurso da suposta propaganda que escolas faziam sobre ideologia de gênero. “Isso não é uma questão de governo, é algo individual. Mas, agora, uma coisa é proibir o direito individual das pessoas, outra coisa é a escola ficar promovendo essas coisas”, disse. 

O candidato da casa 

Após a coletiva de imprensa, Henrique Meirelles apresentou suas propostas a empresários do setor industrial, militantes e lideranças do seu partido no estado. Pouco antes do início da apresentação, o presidente da Fiern, Amaro Sales de Araújo, elogiou e cortejou o emedebista. “É alguém que tem credibilidade com nós, os industriais”, disse. 

Meirelles não enfrentou oposição dos presentes no pequeno auditório. Durante sua fala, apresentou os números da economia brasileira, de quando comandou a pasta da Fazenda; os dados, no entanto, não vão além de dezembro do ano passado. Aponta a cautela das empresas internacionais em investir no Brasil como a razão principal para baixa e lenta recuperação econômica. “Conversei com representantes de empresas do exterior e todos me dizem: nosso orçamento para o Brasil está pronto, mas vamos aguardar a definição das eleições”, contou. 

Falou por cerca de uma hora, depois rumou para reunião com lideranças do partido - a principal presente era o Senador Garibaldi Alves, com quem ficou acompanhado todo tempo. O encontro do MDB aconteceu nas dependências da própria Fiern. 

É da casa. 

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