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Questionamentos

Por Luiza de Paula

Imagem: Pinterest

Será que algum dia eu vou evoluir e sair do banco de reservas no departamento “crônica” e passarei a ter cadeira cativa no time titular? O que é escrever bem? Se eu redigir intencionalmente sem apego às regras gramaticais, é erro. Se Saramago desconstruir o uso das pontuações, é genialidade - e é mesmo. Se eu fizer um ensaio fotográfico de lingerie e postar a foto, é nocivo. Se Bruna Marquezine aparecer produzida de calcinha e sutiã, é porque foi trabalho para uma determinada marca. Está liberada. Liberadíssima. Eu? Já seria pretensão demais. 

No campo das ideias está permitido não defender o Partido Social Cristão, mas não almejar defendê-lo em uma Simulação de Direito, por exemplo, é uma atitude fascista. É pensar e repensar se vale a pena me expor nesse site, comprar briga, ser odiada, ser amada, a troco de quê? E é chegar à conclusão de que essas são as recompensas de expressar piamente o que sou: passional, teimosa, resistente, resiliente, contraditória, cautelosa, preconceituosa em busca de evolução e defensora fiel das minhas ideias e dos meus. 

É ter o pensamento caótico, sensível, ansioso. É ter a preocupação de, por minha incompetência de gerir os meus sentimentos, estar atrasando essa coluna para o Caderno de Pauta – o que nunca tinha acontecido e ocorreu, meu Deus, logo quando eu estou de férias? Passei esse tempo inteiro dizendo situações talvez inúteis para justificar o meu atraso de mais de 1 mês por aqui. Se é que eu tenho leitores, posso contar com a compreensão de vocês? 

Chega de lero-lero e vamos ao que interessa: nesses dias apareceu no meu Youtube, em “recomendados” a Monja Coen. Foi o meu melhor clique da semana. Vi quase todas as palestras dela para o canal “Mova”. Uma das frases que eu mais gostei foi algo mais ou menos assim: daqui a 20 anos você vai lembrar o nome das pessoas que te criticam hoje? Entendi que a referida crítica não era construtiva. Será que eu vou lembrar? Minha memória é terrível, então, provavelmente não. No entanto, eu tenho certeza que lembrarei do dia em que uma amizade minha se estremeceu profundamente a partir do momento em que recebi uma crítica completamente infundada, na minha concepção. Lembrarei porque não foi uma estremecida qualquer. Foi um esfacelamento maduro e pacífico, por incrível que pareça. 

Não sei se o que escutei da Monja me ajudou inconscientemente, mas compreendi de forma límpida que às vezes duas pessoas se amam, mas têm profundas, severas e marcantes diferenças a ponto da convivência poder se transformar em puro desgaste e embate. Há quem diga que vale a pena, há quem diga que não. Eu sigo na fase de travessia, não tenho uma opinião cem por cento formada, mas ultimamente ando flertando com a segunda opção. Durante anos me orgulhei de lutar até o fim pelas pessoas que eu achava que valiam a pena. E lutava. E insistia. E resistia. E consequentemente, me fodia. Porque, caros leitores, por vezes somos egoístas e não perguntamos se nós valemos genuinamente a pena para o outro. Inteligência é observar que nem sempre insistir em outrem é vantagem. Às vezes, o melhor é deixar ir. Ir livremente. Deixar voar. 

E vamos lembrar dos fisiocratas quando eles diziam: “deixai fazer, deixai ir, deixai passar...” Não sei se utilizar o “Laissez-Faire” nesse ambiente foi uma boa, mas é o que temos para esse domingo à noite que antecede o jogo do Brasil x México.

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