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A lama não é só mais uma metáfora

Três anos após o desastre de Mariana, o Brasil se encontra diante de um mar de lama que vai além do  sentido figurado. Quantas vezes vamos repetir esse erro?

*Por Vanessa Islany

(Imagem: Motoka)

Dizer que nosso país está em um mar de lama deveria ser apenas uma metáfora. Três anos após o desastre de Mariana, com o rompimento da barreira entre metáfora e o real, o Brasil se encontra de joelhos diante das falhas de segurança e proteção ambiental.

Em relação ao rompimento de barragem da Vale em Minas, ainda chove questionamentos, mas o certo é que o ocorrido fomentou discussões sobre a abordagem do atual governo para a gestão e proteção ambiental. Enquanto afirma em Davos, que somos o país que mais preserva o meio ambiente, Bolsonaro sempre demonstrou desdém pelo assunto, até que chegou a cogitar o fim do ministério do Meio Ambiente e prometia acabar com o "ativismo ambiental".

A responsabilidade desse desastre é de todas as instituições e pessoas que se omitiram diante do crime de Mariana. É também daqueles que agiram para que o crime de Mariana não fosse devidamente punido e providências fundamentais fossem tomadas. É de quem defende, paralelo a isso, a FLEXIBILIZAÇÃO da legislação ambiental. É de todos aqueles que descumprem a legislação ambiental, assim como faz o atual presidente e o ministro do meio ambiente.

Enquanto tudo isso acontece, a lama avança. Não só como metáfora. Enquanto escrevo, a lama avança. Piscamos, a lama avança e vai levando vidas. Ninguém pode afirmar até aonde a lama vai chegar. A lama continua avançando não apenas como metáfora, a lama avança matando Jonatas, Marcelle, Fabrício, William, Leonardo. Pelo menos 34 mortos!

Não podemos tratar esse tipo de tragédia como acidentes, são crimes! Esse tipo de acontecimento deve estimular o governo a abrir os olhos para tratar com mais atenção questões ambientais. Meio ambiente é algo sério, respeito à vida das pessoas e cuidado com nosso país.

Não são os ambientalistas que produzem crime e sofrimento, mas as empresas, as bancadas que "agilizam licenciamentos ambientais" irresponsáveis, presidente que criminaliza ações do IBAMA e ministros que favorecem empresas de exploração. O capitalismo acima de tudo e a lama matando vidas. Quantas vezes vamos repetir o erro para mostrar que esse modelo econômico predador é insustentável e atenta contra nossas vidas? O Brasil precisa avançar, mas é a lama que avança por aqui!

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