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O Diretório Central dos Estudantes da UFRN (DCE) realizou nos dias 28 e 29 de março a terceira edição do Encontro de Mulheres Estudantes da UFRN

POR FRANCISCA PIRES

(Divulgação)
Conhecido pela sigla EMEUF, o evento já faz parte do calendário de atividades do DCE e pela terceira vez contou com uma programação repleta de mesas, oficinas, exibição e rodas de conversas, tudo sempre pautado em temas relevantes para o público feminino da Universidade. Em entrevista, a atual coordenadora de mulheres do diretório, Beatriz Barbosa, deu detalhes de como se deu a construção do encontro esse ano.

Segundo ela, a construção foi feita em conjunto, a partir de uma reunião com o Conselho de Entidade de Base (CEB). Nesse contexto, o DCE solicitou que cada centro acadêmico escolhesse uma representante mulher, caso existisse uma coordenação específica de mulheres, para que fossem escolhidas as pautas que iam participar do encontro. “Fizemos uma reunião ampliada com os centros acadêmicos e até com alunos em geral que não fazem parte do movimento estudantil da Universidade para a gente deliberar como aconteceria o evento,” explica.

Beatriz Barbosa, coordenadora da
Mulher no DCE
(Foto: Francisca Pires/Caderno de Pauta)
Enquanto coordenadora de mulheres, Beatriz ficou responsável por tomar a frente do evento e conta que recebeu muito apoio dos centros acadêmicos, tanto quanto de outras alunas, que assim como ela fazem parte da gestão do DCE. A organização ressalta a importância de um evento como esse na atual conjuntura em que o país se encontra, visto que seu principal objetivo é reunir a maior quantidade de pessoas para pensar políticas voltadas à mulher, bem como na inserção de mulheres nas universidades e gerar uma discussão acerca das dificuldades e possíveis questões pertinentes a esse assunto.

“Quando eu pensei em como ia acontecer o encontro esse ano, o que mais veio na minha cabeça foi essa intenção de aglomerar, juntar, dar as mãos e compartilhar nossas experiências e problemas a fim de que a gente pudesse estar em sintonia e união. Além disso, é o momento para a gente reivindicar a Universidade também, o que queremos, precisamos e o que acreditamos que é uma universidade, realmente, inclusiva para as mulheres”, conta Beatriz.

Ademais, a execução de um evento dessa natureza dentro dos muros da universidade funciona como um espelho da sociedade como um todo. É uma espécie de um micro no macro, uma vez que todos os comportamentos comuns fora das instituições de ensino ocorrem também dentro delas.

Quando questionada sobre o feedback das pessoas que desfrutaram da programação, Beatriz relata, muito satisfeita, que o retorno em todas as edições sempre foi muito positivo. Ainda durante as atividades, as mulheres costumam fazer colocações elogiando o espaço de fala e os diálogos se estabelecem com muita fluidez e participação de todas. “Uma das mesas era sobre classe, raça e gênero, na bancada tinha uma mulher trans, uma mulher negra e uma comunista para falar sobre esses recortes, mas acabou todo mundo falando sobre tudo e cada uma colocando suas pautas e dialogando muito bem. Esse, por exemplo, foi um espaço de construção muito proveitoso, todo mundo conseguiu estabelecer esse diálogo fluído,” compartilha.

Parte da equipe de organização do evento
(Foto: Francisca Pires/Caderno de Pauta)
Ainda são muitas as dificuldades enfrentadas pelas mulheres dentro da Universidade. Considerando que o EMEUF é um evento que visa justamente trazer à tona toda essa problemática, o atual contexto de intolerância e misoginia, dentro e fora da UFRN, torna tudo mais complicado. “Dentro da conjuntura que estamos vivendo na qual todo dia é uma decepção diferente, fica difícil para gente até psicologicamente. Recentemente, inclusive, a ex-coordenadora do DCE passou por uma situação de perseguição, isso desestabilizou não só a ela como todos e todas que fazem o movimento estudantil. É muito complicado, ela ia participar de algumas mesas e acabou não tendo condição,” afirma.

Apesar de todas os percalços da caminhada, Beatriz, assim como toda a organização do evento, relatam estar muito felizes e agradecem a participação de todas as mulheres que se disponibilizaram a estar presentes nas mesas compartilhando suas vivências e estudos. Bem como a de todos e todas que participaram das atividades do evento, contribuindo assim pela construção de uma universidade que abrace cada vez mais as necessidades de suas estudantes.

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