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"Mama África é mãe solteira, mas é mãe de muita gente"

Por Aimmee Araujo e Gideão Marques 

Foto: Gideão Marques/Caderno de Pauta 

Aconteceu entre os dias 25 e 27 de maio a 45º edição da Semana da África da UFRN. O evento reúne estudantes intercambistas e brasileiros para dar um novo olhar sobre a temática “África na Globalização: desafios e potencialidades”. Ele contou com canções africanas e vestimentas a caráter, deixando os participantes inteiramente integrados ao ambiente alegre e forte da África - o 3º continente mais extenso do mundo, com 54 países.

A programação iniciou às 9h, no auditório da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM), com um conjunto de palestras. Em um discurso emocionado, o professor universitário aposentado, Paulo Lopo, 79, convidado para dar início às atividades do dia, disse: "Não aprendemos a perdoar com os europeus, fizemos isso com a mãe negra. Mama África é mãe solteira, mas é mãe de muita gente", concluiu.

A África, ao contrário do que muitos pensam, não é um país e ela representa uma vasta diversidade étnica, cultural, social e política. Os alunos intercambistas que estão à frente das palestras do primeiro dia fazem questão de esclarecer isso. 

Anualmente, em todo dia 25 de maio se inicia a semana da África na UFRN. Bruce Kambo Yudonago, 24, estudante de Engenharia Civil e atual Presidente da Associação de Programa de Estudantes de Convênio (APEC), conta que essa data é especial por recordar a luta pela independência do continente africano, contra a colonização europeia e contra o regime do Apartheid. Simboliza o desejo de um continente mais unido, organizado, desenvolvido, livre - comemorando tudo o que povo africano trouxe para este mundo.

Adriano Chiobacanga, intercambista da UFRN e doutorando em Psicobiologia, está no Brasil desde 2017 e espera aprender muito aqui. "Espero voltar ao meu país e ajudá-lo a conquistar os objetivos do milênio com os conhecimentos políticos que adquiri no Brasil”, diz. 

Além de Adriano, o evento contou com as presenças de Soraia Archanjo, coordenadora de Relações Internacionais da UFRN; Paulino Lopo, professor universitário aposentado; Abdoul-Sadi Savadogo, Dr. em Sócio-antropologia; e Alberto Mathe, Dr. em Teoria de Leitura Africana. 

Vem na minha terra. Verá casais românticos, experimentará também o sabor da fraternidade e da irmandade. Ao chegar em minha terra, descobrirá como as pessoas sabem reconhecer e respeitar o humano.
- Letra da música africana usada durante o discurso de Abdoul-Sadi, Antropólogo. 

No horário vespertino, a programação continuou com a mesa-redonda, tendo como temática da discussão o papel da diáspora africana no processo de modernização, desenvolvimento socioeconômico, saúde e tecnologia da África. Quando questionado sobre o intuito da mesa, o Presidente da APEC disse: “O tema foi uma aproximação dos estudantes africanos da diáspora. Pois a maioria deles estudam aqui e preferem ficar, não querem voltar para África para poder contribuir também para o desenvolvimento. Nós queremos estimular os estudantes que vão se formar a voltar ao continente e ajudar seu país de origem”. 

Pondo fim ao dia da abertura, aconteceu a mostra audiovisual de cinema africano com a apresentação do longa “Comboio de sal e açúcar”, que foi coproduzido entre Portugal, Moçambique, Brasil, África do sul e França. A produção foi escolhida para representar Moçambique no Oscar de melhor filme estrangeiro da cerimónia de 2018. O primeiro filme moçambicano submetido à premiação.

No domingo (27), ocorreu o encerramento da semana da África na praça da Igreja da Vila de Ponta Negra, trazendo aspectos da cultura africana, manifestações culturais, jam session (sessão de improvisação musical, ao vivo, em que se reúnem músicos de jazz, rock ou música pop) e degustações de pratos típicos.

Um comentário:

  1. Que matéria bem elaborada,parabéns a todos envolvidos!!!

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