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Programa de pesquisas em ilhas do oceano Atlântico completa 20 anos em atividade

Descoberto ainda no século XVI, em 1511, o arquipélago de São Pedro e São Paulo se tornou nos últimos vinte anos uma fonte de estudos para pesquisadores

Por Anthony Matteus

O arquipélago de São Pedro e São Paulo está localizado a 1.100 km da costa brasileira. Foto: Marinha do Brasil/Divulgação

Vinte anos é o tempo em atividade do programa Proarquipélago, uma iniciativa da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm), da Marinha do Brasil. Nesse período, mais de 1300 pesquisadores de 25 universidades já passaram pelo programa, contribuindo para as pesquisas científicas.

Para o coordenador do programa e professor do Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFRN, Jorge Lins, além da contribuição científica, o Proarquipélago também participa na formação acadêmica de estudantes. “Centenas de artigos já foram publicados, dissertações de mestrado, teses de doutorado. Eu gosto de dizer que formou gerações. Estudantes que foram lá, fizeram a graduação, pós-graduação e hoje são professores, difundindo o conhecimento”, explica.

O arquipélago de São Pedro e São Paulo fica situado em uma região privilegiada cientificamente falando. A região isolada, distante 1100 quilômetros da costa brasileira, está localizada bem próxima à linha do Equador, apenas um grau ao norte. Em razão disso, é uma região de grandes mudanças climatológicas, propícia para o estudo na área.

Lá é também o local onde há a maior quantidade de abalos sísmicos em território brasileiro, por estar próximo a uma cordilheira submarina, a dorsal atlântica. O professor do Departamento de Geofísica da UFRN e coordenador do laboratório sismológico do Proarquipélago, Aderson Nascimento, destaca a importância das pesquisas no local.

“Eu costumo brincar que a região do arquipélago é a nossa San Andreas [região do estado americano da Califórnia marcada por grandes terremotos ao longo da história] brasileira. É uma oportunidade única trabalhar naquele lugar”, conta Aderson.

Na biologia, a região foi identificada como uma espécie de “pit-stop” para os grandes animais, como atuns, tubarões e baleias. Lá é o local onde eles param o seu caminho para reabastecer, quando se alimentam de outros seres vivos. Além de ter na sua fauna espécies endêmicas, que só tem no local.

A estação científica tem uma estrutura formada por
laboratório, sala de estar, cozinha, banheiro, varanda,
área para armazenamento de água potável e uma edificação de
apoio para um gerador de emergência. Foto: Faacz/Divulgação.
Outro benefício para o país é a reivindicação territorial. Como se tem uma estação científica instalada e ocupada, seguindo as normas da Convenção das Nações Unidas sobre o direito do mar, o Brasil solicitou a posse de duzentas milhas em volta do arquipélago.

“Hoje o Proarquipélago é um programa consolidado por causa da cooperação entre as instituições. A marinha e o CNPQ [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] têm desempenhado um papel fundamental a todas universidades, em especial a minha, pelo apoio irrestrito que sempre dedicaram”, diz Jorge Lins sobre o sucesso do programa.

Em comemoração aos 20 anos do Proarquipélago, o trabalho na região ganhou o livro “Arquipélago de São Pedro e São Paulo, 20 anos de pesquisa”, lançado no dia 10 de agosto deste ano. A proposta da obra é apresentar à sociedade as principais pesquisas produzidas nos últimos 20 anos e está disponível para acesso no site.

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