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Veganismo: uma visão para além do estilo de vida

Ideologicamente ou não, a verdade é que muitas pessoas estão deixando de comer alimentos derivados de animais: no país, essa prática tem um crescimento de 40% ao ano 

Por Gideão Marques

O Veganismo prega, sobretudo, o amor e respeito aos animais, entendendo que eles – os animais – não estão aqui para nos servir. Assim, não consumir produtos de origem animal como queijo, mel, carnes, leite, ovos, entre outros alimentos, além de roupas de couro, lã ou que escravizem os animais para a produção, é essencial para a manutenção da vida dos animais. Os veganos sabem, e é comprovado cientificamente, que muitas doenças das quais somos vítimas se deve ao consumo desses produtos. 

Sa Chi na mesa de sua casa, onde concedeu a entrevista. Na garrafa, Kombucha: bebida probiótica rica em cafeína. Foto: Gideão Marques/Caderno de Pauta

Sa Chi, 48, é empresária de produtos orgânicos. Nasceu na Bélgica e teve parte de sua criação no Japão. Sa Chi – como prefere ser chamada – não gosta de ser rotulada como vegana. Ela adotou um estilo de alimentação ainda pouco difundido no Brasil: A Alimentação Viva - hábito em que não se ingere alimentos cozidos. “Eu deixei de comer carne de mamíferos há muito tempo”, afirma a empresária. 

Sa Chi é contrária a qualquer tipo de rotulação que a sociedade costuma dar ao outro: “Eu nem sou a Sa chi. Eu sou uma essência infinita. Meu corpo e minha mente estão mudando o tempo todo”. 

O Projeto de Lei 6299/02 que prevê, dentre outras normas, que o Ministério da Agricultura flexibilize o uso de pesticidas e agrotóxicos nas plantações, assusta a comunidade vegana e também a Sa chi: “Isso é péssimo, é uma catástrofe. É um genocídio silencioso, que a gente tem que lutar contra com conhecimento. Eu planto o que posso plantar. Me esforço para comer comidas sem agrotóxicos”, argumenta. 

Estamos em 2018 e é ano de eleições. Sabendo que a alimentação não é pauta para a maioria dos presidenciáveis, Sa Chi se mostra triste com a situação. “A alimentação é o pilar principal de uma cultura. A gente vê que a saúde das pessoas está muito ruim, justamente por causa da alimentação”. É relevante salientar que, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), esses produtos químicos estão associados a doenças como os cânceres de fígado e testículo. 

Embora muitos restaurantes estejam adotando o menu vegano ou que se aproximem da Alimentação Viva, Sa Chi ainda sente muita dificuldade em encontrar lugares com opções que possam satisfazê-la. Por isso, ela opta por alimentos que não sejam industrializados e que mais se aproximem da Alimentação Viva. “Aos 48 anos de idade eu estou em forma. Não vou ao hospital há anos. A diferença é muita clara entre uma pessoa que se alimenta só de plantas e outra que só se alimenta de produtos derivados dos animais, em especial os mamíferos. As pessoas estão entendo que as doenças modernas são fruto da alimentação inadequada, e isso está fazendo com que as elas mudem”, explica Sa Chi. 

Permacultura é um novo estilo de produção agrícola que visa a sustentabilidade e o não uso de agrotóxicos e pesticidas nas plantações. Sa Chi aposta nisso para que tenhamos uma alimentação mais saudável e sustentável. “Neste sistema de permacultura existe uma inteligência ecológica, porque eles produzem alimentos diferentes e mais ricos. É uma mistura de plantações que ajudam uma a outra”. 

Falando sobre o futuro da população mundial, tendo como critério a alimentação, Sa Chi que “uma hora ou outra, a raça humana vai precisar mudar, mesmo não querendo. Porque vai faltar carne, não vai ter para todo mundo. É bom que a gente comece a mudança de agora, para que não haja um caos no futuro”. 



Sendo totalmente contra os estereótipos negativos, tanto do lado dos veganos, quanto dos consumidores de carne, Sa Chi busca um equilíbrio para tentar amenizar as rivalidades existentes: “A consciência de cada um é muito mais importante. Temos que ser exemplo e não um inimigo daqueles que consomem produtos de origem animal”.

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