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#30M: Tsunami pela Educação

Ato contra os cortes nas Instituições Federais de Ensino acontece em Natal, este é o terceiro convocado só neste mês


POR KAMILA TUENIA


“Estamos de novo contra esse governo
para que a educação tenha mais investimento
por mais permanência e democracia
a nossa saída é a luta todo dia”.
Ato do dia 30 de maio contra os cortes nas instituições federais (Foto: Clarice Nascimento)

Esse foi apenas um dos versos de canções e palavras de ordem entoados no último dia 30 nas ruas da capital potiguar por estudantes e trabalhadores que, mais uma vez, foram às ruas protestar contra os cortes nas Universidades e Institutos Federais de todo o país. Em algumas instituições, - como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), maior universidade federal do país - o corte de verbas chega a ser de 40% e o risco dessas instituições terem que interromper suas atividades ainda este ano é iminente. No caso da UFRN, a demissão dos funcionários terceirizados compromete o funcionamento da instituição, que só teria recursos até o mês de setembro. Juntos, IFRN, UFERSA e UFRN somam $101,8 milhões de orçamento bloqueado.

O ato foi conduzido e protagonizado por estudantes e representantes de entidades locais e nacionais. Cartazes e faixas que pediam a valorização do ensino público, da pesquisa e da extensão coloriram o cruzamento das Avenidas Bernardo Vieira e Salgado Filho.

Ato contra os cortes na educação (Foto: Clarice Nascimento)

"Nós sabemos da responsabilidade que temos com a nossa escola, é por isso que os estudantes de todo o Brasil ocupam as ruas neste momento, diferente do ministro da educação que demonstra tamanha irresponsabilidade com a pauta que ele dirige, quando se recusou a ouvir os maiores porta-vozes dos estudantes brasileiros", disse Lauanda Pedrita, presidente da Associação Potiguar dos Estudantes Secundaristas (APES), se referindo ao episódio em que os presidentes da UNE e da UBES foram agredidos e impedidos de falar na presença do atual Ministro da Educação Abraham Weintraub.

Além dos cortes de verba nas instituições federais, a reforma da previdência também tem sido alvo nesses protestos. De acordo com os manifestantes esse é um projeto cruel, desumano e excludente. Na área rural por exemplo, é possível que muitos trabalhadores nunca cheguem a usufruir do benefício previdenciário, tendo que contribuir no mínimo desde os 20 anos de idade, para consegui-lo.

Cartaz de estudante do IFRN (Foto: Clarice Nascimento)
Abraham Weintraub já declarou abertamente que os cortes podem ser revertidos caso a reforma seja aprovada. Para Paulo Jales, coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes da UFRN, essa medida é pautada numa forma de chantagem. "Eles são contra as universidades federais e querem acabar com a autonomia dos estudantes, implementando uma política perversa tanto para nós, quanto para os trabalhadores. Essa chantagem deixa claro que eles querem nos colocar uns contra os outros", afirmou o coordenador.

“A aula hoje é na rua” foi um dos motes de mobilização da manifestação, fazendo alusão ao fato de que assim como se aprende dentro das escolas e universidades, também é possível aprender fora do ambiente de estudo convencional. A presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio Grande do Norte, Yara Costa, também esteve presente no ato e ressalta a importância da luta pela educação: "Quando a gente chega pra essa aula que não é no conforto de uma sala de aula, a gente vê que vale a pena lutar pelo modelo de educação pública que a gente quer, por liberdade, autonomia e mais investimento".

As Universidades são lugar de transformação, de liberdade e democracia, por meio da ciência, pesquisa, extensão e das oportunidades geradas para a juventude brasileira. O desenvolvimento da sociedade depende da educação, setor imprescindível para o crescimento do país.

Uma nova greve geral está convocada para o dia 14 de junho, ainda para reivindicar a revogação dos cortes orçamentários e alertar a população sobre os possíveis riscos advindos da aprovação da reforma da previdência. Os estudantes e trabalhadores prometem não deixar o atual governo em paz enquanto suas pautas não forem atendidas.

Cartaz de repúdio ao governo e seu corte na educação (Foto: Clarice Nascimento)

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