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Junho: mês de sabores iguais e diferentes em Natal e Belém

POR VINÍCIUS VELOSO*

Que o mês de junho é um período bastante festivo no Nordeste, todos sabem de cor. Quadrilhas, fogueiras, balões e comidas típicas são as grandes marcas das festividades juninas na região. Mas será que a culinária em Natal, nessa época, é a mesma que em Belém do Pará? Talvez não. Em andanças pela capital potiguar nos últimos dias, pude perceber e comparar a diversidade e a diferença em relação aos pratos típicos do município nortista: alguns são os mesmos, porém no geral, os nomes não.

Além das quadrilhas, as comidas típicas marcam os festejos juninos (Foto: Divulgação)

Por exemplo, em alguns locais de Natal, o que é conhecido por mungunzá (iguaria doce), é chamado de mingau de milho em Belém. Gosto, aparência e textura praticamente idênticos, mas a nomenclatura é o grande xis da questão. Mas há aqui quem chame o mungunzá de canjica, e vice versa, aumentando ainda mais o lastro singular de cada região. Pode parecer confuso, mas uma conversa com vendedores ou cozinheiros que entendem do tema pode ajudar a compreender melhor o nome das comidas.

Continuando o tour gastronômico e linguístico, porém ainda no assunto “canjica”: na capital paraense, o prato é o doce cremoso amarelado com canela. Sem mais. Mas, algumas pessoas que moram no Nordeste chamam a canjica de curau, termo usado nas regiões Sul e Sudeste do país. Massa pastosa de milho verde com pó de canela. Mais uma vez, comidas típicas iguais de nomes distintos.

Outro elemento que chama atenção é a presença marcante do milho assado. Característica forte da culinária nordestina e muito perceptível nas paradas de ônibus espalhadas por Natal. Confesso que, em Belém, isso é atípico. Até mesmo nas festas juninas, não é tão evidente a venda do milho assado. Mas há um prato que é comum lá e não é aqui. Trata-se do bolo podre: doce feito de farinha de tapioca, coco ralado, leite integral e condensado. Gostoso, barato e de fácil preparo também.

Bolo podre (ou de tapioca) é um doces típicos de Belém durante o mês de junho (Foto: Divulgação)

Assim como Natal, Belém tem suas particularidades durante as celebrações de Santo Antônio (13), São João (24) e São Pedro (29). Nesses dias, as mesas são tomadas por pratos da culinária paraense, a exemplo do pato no tucupi, tacacá, maniçoba, caruru, vatapá; além dos doces, creme de cupuaçu e bacuri que se misturam em meio às pamonhas, canjicas, mingaus e bolos de milho.

Presentes no país desde a colonização portuguesa e de cunho religioso, as festas juninas são um verdadeiro exemplo de singularidades no folclore brasileiro, ajudando a contar o passado, presente e futuro e construindo nossa identidade dia a dia.

*Paraense morando em Natal há dois anos e meio.

6 comentários:

  1. São duas cidades maravilhosas. Culinaria parecida, mas distintas no sabor. Matéria interessante. Parabéns.

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  2. Parabéns pela matéria linda!!!

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  3. Muito interessante, pratos semelhantes em tudo menos no nome. Ótima matéria!

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  4. Isso que é diversidade cultural. Nosso Brasil tem muitos elementos parecidos e distintos, uma culinária rica em detalhes e sabores. Parabéns pela matéria!

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  5. Sou do sudeste do Para e moro em Natal a 5 meses e a variação linguística nessas questões são tantas que eu nunca tinha ouvido a palavra manguzá kkk. Sei que o que chamam de canjica aqui em natal, chamamos de mingau de milho ou curau de milho lá, e o mingau de milho lá se chama canjica aqui, os nomes são trocados. E lá também é muito comum ter milho assado vendendo na rua até mesmo sem a época junina.

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