Ler: viajar, conectar, imaginar, aprender, mudar, viver
Seja para adquirir conhecimento, seja para buscar refúgio, os livros fazem parte da vida de muitas pessoas, e seis delas contam sobre suas relações com obras literárias
Como dizia o poeta: “Ler é sonhar pela mão de outrem”. Não importa o gênero ou autor, quem lê viaja pelas palavras e quer sempre saber o que tem na próxima página. Seja através de uma tela digital ou passando as folhas, seja um gibi, ou uma biografia, ao ler, adentramos naquele universo envolvente e saímos trazendo sensações inexplicáveis.
Conheça seis personagens reais e suas relações com os livros:
Sobre sua relação com os livros, Suerly conta: “Começou com coisas básicas, tipo, o livro Diário da Princesa, nossa, eu amava. E foi crescendo, sabe? Eu não parava de ler. Quando eu estava em um canto, eu lia, porque eu era muito solitária na minha adolescência, e os livros foram, tipo, é meio clichê, mas foram um refúgio, sempre foram. Sempre foram uma companhia”.
A vestibulanda, que sonha em cursar Psicologia, diz que seu livro favorito é, com toda certeza, Harry Potter. Ela comenta sobre o que mais gosta na obra de J. K. Rowling: “O universo da magia... O Harry, sua infância sem os pais, tudo o que ele sofreu, o que ele passou; e ele encontrou a força nos amigos, na escola; isso é tão admirável, sabe? E isso foi tão importante para mim, no meu crescimento”. Suerly conta que ama toda a saga em torno do famoso bruxo, porém seu livro preferido é Harry Potter e o Prisioneiro de Askaban.
“A leitura nos dias de hoje é essencial, porque, além de você estar agregando conhecimento a si próprio, você conhece palavras novas, você viaja para outros lugares. Tem toda essa magia da leitura. Acho essencial os pais incentivarem, mesmo sendo com gibi, depois indo aumentando o nível com outros mais simples, como O Diário de um Banana, os livros da Thalita Rebouças... Depois vai aumentando, a criança vai adquirindo seu próprio gosto, e por aí vai”, conclui.
![]() |
| O estudante Morvan adquiriu o hábito da leitura há três anos, e vê a Literatura como uma forma de comunicação (Foto: Luciano Vagno/Caderno de Pauta) |
No momento de nossa entrevista, Morvan estava lendo o livro As Afinidades Eletivas, do alemão Goethe. Ele conta que já havia lido Fausto, de mesma autoria, o que lhe fez se interessar pelo autor. O estudante de Ciências Sociais revelou que possui uma lista de livros que serão lidos futuramente.
O jovem diz também que lê muito por conta do seu curso, já que o mesmo possui uma grande carga de leitura. Para Morvan, ler é uma forma de comunicação que vai para além da comunicação do dia a dia. “É uma forma atemporal de se conectar com o mundo”, explica.
![]() |
| Por influência de sua irmã, Nayara desenvolveu gosto por obras literárias (Foto: Luciano Vagno/Caderno de Pauta) |
A jovem, que está estudando para ingressar no curso de Fisioterapia, relata que hoje não possui tanto tempo para leitura, entretanto está constantemente comprando novas obras e tentando lê-las quando pode.
Nayara revela que seu livro preferido é Quem é Você, Alasca, de John Green, autor conhecido, sobretudo, pelo público jovem. Sobre o livro, ela comenta: “Ele é muito bom. Graças a ele eu fiz amizades, e eu sempre estou emprestando pra todo mundo. Eu acho uma história muito bonita. E é muito chocante, porque não é um romance normal – o garoto fica com a garota no final – tem um impasse no meio. É a vida real. Ele demonstra a vida real de adolescentes”.
Para Nayara, a leitura é importante, pois através dela é possível adquirir conhecimento: "Não importa qual livro você leia. Instiga a imaginação, também”, diz a jovem. “Eu não sei como seria um mundo sem os livros. Não consigo imaginar”, acrescenta.
![]() |
| Joana cresceu rodeada de livros e hoje enxerga neles a maneira de adquirir conhecimento (Foto: Luciano Vagno/Caderno de Pauta) |
“Meu pai nunca me obrigou a ler. Por exemplo, eu sei que muitos pais estipulam horas do dia para que seus filhos leiam, e ele nunca fez isso. Ele simplesmente me deixava à vontade com os livros que comprou durante a vida dele e os deixou para mim e meu irmão”, explica.
A portuguesa, natural de Coimbra, revela que na infância não aproveitou tanto os livros que seus pais lhe deram. No entanto, ela diz que, na medida em que foi crescendo, começou a ler os livros de seu pai, e passou a cultivar sua própria estante de obras literárias.
Um livro que gostou muito de ter lido foi Ensaio Sobre a Cegueira, do escritor português José Saramago, sobre o qual a jovem comenta: “Gostei muito. Acho que é um livro muito bem escrito. Saramago é conhecido por ter uma escrita bem autônoma, ele quebra as regras. O livro tem uma história bem interessante, intensa; não é real, obviamente, mas me interessou muito”. Joana diz que atualmente está lendo os livros O Homem Mais Rico da Babilônia, Pai Rico, Pai Pobre e 1808, e busca, através deles, aprender de forma autônoma, e não, como diz, por influência dos outros.
![]() |
| Eliabe ao lado de geloteca, no Centro de Convivência, onde encontrava-se folheando livros (Foto: Luciano Vagno/Caderno de Pauta) |
Perguntado sobre qual foi o primeiro livro que leu, Eliabe confessa não lembrar do nome, porém recorda que tinha 15 anos, que a obra era sobre inteligência artificial e se tratava de um relacionamento entre um robô e um ser humano. Além disso, o rapaz revela que foi nesse momento que despertou o interesse pelos livros e passou a ler outros.
Eliabe conta que a obra literária que marcou sua vida foi A Menina que Roubava Livros e explica que a história se passa durante o Nazismo, e que uma menina, Liesel Meminger, gosta de ler, porém, naquela época, o Partido Nazista queimava os livros. O jovem diz que a obra pôde lhe mostrar como as pessoas viviam naquela época.
“Eu acho que a leitura abre novos horizontes, tipo, no meu caso, quando comecei a ler livros de filosofia e psicologia, isso abriu muito a minha cabeça. Eu era muito fechado às Ciências Exatas e, quando comecei a ler esses livros, me senti uma pessoa diferente, minha cabeça mudou bastante. Então, eu acho que os livros servem para abrir as cabeças das pessoas, para sair da bolha”, conta.
![]() |
| Desde criança tenho gosto pela leitura. Hoje, tento passar isso para meu irmão menor e pretendo passar para meus filhos (Foto: Luciano Vagno/Caderno de Pauta) |
E eu. Não lembro com exatidão quantos anos tinha quando ganhei meu primeiro livro, talvez uns cinco. Embora eu não recorde o nome da obra, lembro perfeitamente da primeira frase dela: “No Bosque dos Cem Acres, o Tigrão conversava com o Pooh”. Eu lia e relia aquele livro de poucas páginas constantemente, até que o perdi. Sempre gostei de ler. Ninguém nunca me disse “Leia”, eu que busquei esse prazer para mim.
Mais recentemente, me vi apaixonado por uma obra literária: O Diário de Anne Frank. Eu aguardava impaciente o dia em que entraria em uma livraria e diria “Quero ele”. No entanto, tive uma surpresa. Nas vésperas do meu aniversário de 20 anos, uma amiga me disse que o havia comprado e eu pedi emprestado para ler. Mergulhei naquelas palavras criadas pela jovem judia e tudo que eu pensava era “Uau!”. Dias depois, outra surpresa: minha amiga pediu o livro por uns minutos e, quando me entregou, estava escrito: “Espero que aproveite o presente.” Mal podia acreditar que agora eu tinha o livro que me imaginei tendo um dia.
Assim como os entrevistados para essa matéria, reconheço que ler é uma forma de se conectar consigo, crescer, encontrar abrigo e viver de forma mais leve. Lendo, é possível adentrar uma porta e viver, por breves momentos, outra época, em outro lugar, outra vida... “Sonhar pelas mãos de outrem”. Ao sair, levamos saberes, referências, questionamentos, respostas, sorrisos, lágrimas e a vontade de ler mais um pouquinho. Até a próxima leitura.






Nenhum comentário