Recentes

“A maioria dos pedófilos não se manifesta se mostra às crianças de forma agressiva”: mesa redonda debate pedofilia na Campus Party Natal 2019

Discussão falou dos perigos a que crianças e adolescentes estão expostos quando há mal uso das tecnologias digitais


*Por Ana Flávia Sanção

Mesa redonda sobre pedofilia na internet abriu programação do palco Feel the Future no domingo (18). (Foto: Gabriel Maciel/Campus Party)

Crianças e adolescentes foram os personagens centrais da palestra Pedofilia: um desafio frente às novas tecnologias neste domingo (18), no palco Feel the Future, no último dia de Campus Party Natal 2019. Ministraram a mesa redonda a psicóloga especialista em infância e adolescência Valesca Pinheiro de Souza, o pedagogo especialista em gestão de comunicação em redes sociais Saulo Spinelly, o engenheiro da computação Brunno Samuel Corrêa e o publicitário Carlos Gregório Nunes. Mais uma vez, a temática sobre o uso responsável da internet esteve presente no evento que promove, sobretudo, a imersão tecnológica ininterrupta. 

Logo de início, a psicóloga explicou quais tipos de violências sexuais poderiam ser mediadas pelo meio virtual - aliciamento para fins de violência e exploração sexual, tráfico de seres humanos e abuso sexual online. “Para abusar de crianças e adolescentes, eu não necessariamente preciso tocá-los. Trocar fotos e vídeos também se configura como abuso”, esclareceu. 

Outra questão ressaltada por ela é que nem sempre a habilidade de manuseio com equipamentos eletrônicos significa que aquela criança ou adolescente tem maturidade suficiente para entender o que está em risco caso se exponha demais. “Saber lidar bem com computador e celular não significa saber lidar com o que há por trás daquilo”, reforçou.

Brunno Corrêa deixou claro que qualquer tipo de compartilhamento de conteúdo sexual de menores online é crime. Ele também mostrou que existem formas de proteger os pequenos, através de um maior controle sobre o conteúdo que eles acessam e medidas de segurança, como a alteração de senhas, verificação de classificação etária, instalação de jogos educativos e outras, mas afirmou que mesmo assim “não tem melhor sistema de monitoramento que os pais”. 





“Smartphonização” da infância

Valesca Pinheiro de Souza fala sobre os perigos do uso da internet sem restrições por crianças e adolescentes. (Foto: Gabriel Maciel/Campus Party.)

Explicado na fala de Carlos Gregório, o conceito de “smartphonização” da infância acontece quando “as crianças estão ligadas às redes sociais desde muito novas, o que pode fazer com que elas se tornem reféns desses aparelhos [eletrônicos]”. 

 “A educação não pode ser terceirizada. O Google não pode substituir a presença dos pais”, Valesca disse. Ela alertou para cuidados disciplinários que se deve ter ao educar os filhos e atitudes às vezes impensadas na hora de liberar o acesso deles à tecnologia. Como exemplo, citou como alguns pais ou responsáveis entregam celulares às crianças para acalmá-las durante um acesso de choro, sem realmente pensar no que o filho fará com aquele aparelho. 

Gregório lembrou como o meio virtual se tornou importante na vida das pessoas como um todo e não só para crianças. Ou seja, o fenômeno da “smartphonização” não só ocorre com os menores. “Quando um agressor passa a ter acesso às redes, essas redes se tornam paraísos encantados para eles”.

“A maioria dos pedófilos não se manifesta se mostrando às crianças de forma agressiva”, explicou Valesca. Um comentário complementar foi feito na plateia sobre a importância de esclarecer aos filhos pequenos e adolescentes quais as razões por trás das regras de uso impostas a eles. O pedagogo Saulo conclui a fala da espectadora dizendo “quando você coloca um limite na criança, esse limite precisa fazer sentido para ela”.  


CREAS
Em Natal e em todo RN, existem várias unidades do Centro de Referência Especializado de Assistência Social, que acolhem vítimas e famílias de vítimas que passaram por alguma das situações citadas acima. Além do acolhimento, a equipe do Creas orienta quem os procura em diversas áreas, como jurídica, profissional e o que mais for necessário ao caso. 

Nenhum comentário