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Natal recebe sua segunda edição da Campus Party

O maior evento de imersão tecnológica no mundo teve início na manhã desta sexta-feira (16) e a expectativa é de receber mais de 30 mil pessoas

POR ANA FLÁVIA SANÇÃO, FRANCISCA PIRES E MARIA CLARA PIMENTEL

Francesco Farruggia, presidente do Instituto Campus Party, fala na abertura da segunda edição do evento. (Foto: Ana Flávia Sanção)
A noite desta sexta-feira (16) foi marcada pela abertura oficial de mais uma edição da Campus Party Natal, o maior evento tecnológico do estado, no Centro de Convenções. O evento vai até o domingo (18) com imersão digital 24 horas, palestras e workshops sobre empreendedorismo, games, marketing, robótica e tudo mais que envolve inovação. A expectativa é receber mais de 30 mil pessoas.

O diretor da Campus Party no Brasil, Tonico Novaes, deu as boas-vindas aos visitantes e campuseiros no Palco Feel the Future com um discurso animado e um vídeo sobre a primeira experiência da CP na capital potiguar. Já o italiano Francesco Farruggia, presidente do Instituto Campus Party, além de receber a plateia, falou um pouco sobre os desafios de realizar o evento este ano devido à recessão econômica do estado e a importância de trazê-lo mesmo assim. “A Campus Party traz conhecimento e coloca o Rio Grande do Norte no campo digital do mundo,” disse.

A governadora Fátima Bezerra e o prefeito Álvaro Dias também estiveram presentes, falando sobre a parceria dos governos municipais e estaduais na realização da edição de 2019. 

“Diante da situação de calamidade financeira que se encontra o RN, foi difícil encontrar caminhos para realização da Campus, mas essa governadora com alma de professora que sempre terá, tinha de fazer todo o esforço para ter mais uma edição da Campus Party em Natal,” discursou Fátima. O prefeito de Parnamirim, Rosano Taveira, e o diretor da empresa Use Telecom, Marcos Costas, também participaram da solenidade.

Um dos principais temas da abertura foram os dois laboratórios tecnológicos instalados pelo Projeto Include na Escola Municipal Emértio Nesto Lima, em Parnamirim, e no Sesc de Potilândia, em Natal. Ambos darão acesso gratuito a crianças e jovens de 10 a 18 anos, com ferramentas de qualidade e oferta de educação diferenciada nos ramos da tecnologia e empreendedorismo. Segundo Farruggia, “levar laboratórios digitais para a garotada que vive em ambientes suburbanos, que não tem acesso aos equipamentos tecnológicos” é uma missão social do instituto. Ele ainda reforçou que há muito potencial dentre os jovens de baixa renda, mas que há necessidade de maior investimentos direcionado a eles. 

Mais cedo, durante a coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira, o diretor já havia destacado a relevância de um espaço gratuito para os jovens de classes mais baixas, que normalmente não teriam oportunidade de conhecer as tecnologias que estão sendo apresentadas: “É importante mostrar para os jovens, principalmente os menos favorecidos, que não se resolve os problemas sem educação, ciência e inovação”.

É justamente o público mais novo que é mais visado pelo instituto. De acordo com Farruggia, a meta é fazê-los encontrar soluções inteligentes em suas próprias comunidades: dar protagonismo a esses jovens é uma forma de trabalhar sua autoestima. O presidente da Campus Party mencionou ainda sua proposta de realizar mutirões de testes de QI em escolas públicas. Os estudantes que alcançassem números altos seriam submetidos a outro exame, para identificar algum tipo de transtorno de hiperatividade e/ou déficit de atenção; os que recebessem positivo ganhariam bolsas de estudo em escolas de ciências parceiras do instituto, na intenção de oferecer maior aproveitamento de seus potenciais cognitivos. Já existem três laboratórios prontos, e mais quarenta estão sendo financiados pela CP. A inauguração dos laboratórios rendeu ao presidente do instituto o título de honra de Cidadão de Natal. A cerimônia oficial de entrega acontece hoje (17), às 19h15, no palco Feel the Future.

Palestras

As primeiras conferências e palestras aconteceram já no fim da noite. Como de costume, o palco Feel the Future recebe as principais atrações da programação. Já de início, Jon “Maddog” Hall, diretor do conselho Linux Professional Institute, conversou com os campuseiros sobre a importância da construção de softwares e hardwares brasileiros. “Se continuarem a mandar pessoas aos Estados Unidos e à Europa porque não há trabalhos no Brasil, eles realmente nunca existirão aqui,” declarou. Outras duas palestras seguiram Maddog: 5 passos para Colocar seu Projeto (e sua Carreira) na Direção Certa, com Bruno Souza, e O Guia de Sobrevivência na CPNatal2, com Allan Kardec e Clara Nobre. 

As demais aconteceram na arena das comunidades: A mulher na indústria de jogos, na comunidade As Boyzinhas Arretadas; Segurança em Nuvem: a ameaça fantasma, na comunidade DevOps RN; e Como conectar o cérebro com um Arduino, na comunidade Dumont Hackerspace.

Campuseiros e Empreendedores

Hélio e Jean, da esquerda para a direita, na animação de início do evento (Foto: Maria Clara Pimentel)
A CP reúne pessoas de todo o Brasil, o que inclui as cidades vizinhas à Natal, como é o caso dos estudantes de Engenharia da Computação, Jean Carlos, 23, e Hélio Victor, 18. Os mossoroenses estudam na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN) em sua cidade natal, mas vieram para a capital potiguar com um grupo de amigos. A empolgação de ambos é nítida, enquanto Hélio explica: “É minha primeira Campus Party, e a distância não é um problema. Estou ansioso para ver tudo que está rolando na área de tecnologia e quais são as inovações mais significativas”. Ele conta que espera conhecer muita gente nova e acredita que o evento é a oportunidade perfeita para agregar conhecimento ao seu curso.

Lígia: "Na Campus Party, a gente não vai só assistir a palestra. A gente conversa com o palestrante, debate com a galera, brinca..." (Foto: Maria Clara Pimentel)
Enquanto isso, a baiana Lígia Santos, de 20 anos, tem um pouco mais de experiência no assunto. Estudante de Física Médica na Universidade Federal de Sergipe (UFS), ela já participou de outras edições da Campus Party, em São Paulo e na Bahia, na qual, inclusive, palestrou sobre robótica para mulheres. Aliás, o que mais gosta no evento é a presença de comunidades femininas, que acolhem de forma calorosa muitas garotas, como lhe fizeram em sua primeira edição paulista. Lígia acredita que a própria Campus Party ajuda nesse sentimento: “A CP tem braços abertos para a integração feminina na área nerd e tecnológica; eles fazem muito isso e é muito legal, tanto é que a própria organização do evento é cheia de mulher”. A baiana acredita que essas comunidades e o funcionamento da Campus são essenciais para a conquista desse espaço na área tecnológica, “recentemente aceitável para meninas”.

Mônica Borja comemora o início do evento que promete trazer lucro e muito aprendizado (Foto: Maria Clara Pimentel)
A expectativa também é grande para os comerciantes locais que pretendem lucrar durante a realização do evento. Para Mônica Borja, dona do food truck “Fuscrepe”, a Campus Party é excelente não só para seu bolso, mas também para a bagagem cultural de quem participa: “Esse é nosso segundo ano e a edição passada foi muito boa. O movimento é bacana e essa é uma experiência que vai além do lucro financeiro, pois, como atrai gente de todos os lugares, existe muita troca de conhecimento”. Desde 2015 ela e o marido investem na venda de crepes e esperam que essa edição seja, em questão de lucro, pelo menos igual à anterior, que superou todas as expectativas.

A Campus Party faz parte da agenda oficial da capital potiguar desde o ano passado, graças à Lei n° 6.789. Seu autor é o vereador Sueldo Medeiros (PHS), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara de Natal, que também esteve presente na coletiva de imprensa desta sexta.

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