Recentes

Super K Vs Câncer - O game que segue melhorando a vida de crianças com câncer

“O que esse jovem continua fazendo? Bom, eu continuo sendo um vendedor de água mineral com uma medalha de doutor em saúde pelos inúmeros serviços prestados a crianças com câncer” - Paulo Paiva


POR FRANCISCA PIRES

Francisco Paulo Paiva já teve, no ano passado, sua história contada aqui no Caderno de Pauta quando realizou uma palestra na primeira edição da Campus Party Natal. Em uma ocasião muito parecida, com poucos ouvintes e um público tranquilo, o mossoroense de apenas 24 anos contou mais uma vez, na segunda edição do evento, como conseguiu sozinho desenvolver o game capaz de amenizar os efeitos colaterais da quimioterapia em crianças.

De entregador de água mineral a doutor em saúde e gameterapia, Paulo traçou um árduo e belo caminho. Aprendeu a programar através de videoaulas na internet e, com os conhecimentos adquiridos, deu vida ao Super K – o primeiro super-herói do mundo que é negro e portador de Câncer. O game, que tem por objetivo fazer com que a criança entenda o funcionamento do seu corpo, bem como cada tipo de câncer atua dentro do organismo, é gratuito para os portadores da doença e para outras pessoas é cobrado um valor posteriormente revertido em renda para hospitais. O Super K além de ensinar, distrai as crianças e as ajuda a encarar sua atual situação de forma mais leve e alegre.

Paulo Paiva conta como criou o game Super K vs Câncer pela segunda vez na Campus Party (Foto: Francisca Pires/Caderno de Pauta)

Como idealizador do Super K, Paulo foi considerado um dos dez jovens mais influentes do Brasil e coleciona atualmente 17 aprovações em vestibulares mais um título de honra ao mérito concedido pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte. Esse ano na Campus Party, ele trouxe algumas novidades, dentre elas está a criação da Lei Super K vs Câncer, que busca garantir às crianças - que fazem quimioterapia - o direito de estudar. A lei diz que a partir de 10 dias precisando faltar a escola para dar continuidade ao seu tratamento, o Estado ou o município tem obrigação de enviar um professor até a casa da criança para que ela possa ter suas respectivas aulas e assim não se atrasar dentro do ano letivo.

Outra novidade é que com a criação da sala de psicopedagogia no hospital Casa da Saúde, em Mossoró, denominada Mestre Dedé Sapateiro, avô do renomado criador de cordéis Bráulio Bessa, Paulo conseguiu fazer que não só o poeta se tornasse embaixador do hospital, como diversos outros famosos, dentre eles o jogador Márcio Mossoró. Hoje, Paulo também realiza palestras e workshops para arrecadar dinheiro para campanhas de prevenção ao câncer infantil e em muitas dessas ocasiões costuma levar cosplayers para chamar atenção das pessoas e tornar estes espaços um pouco mais dinâmicos.

Em sua segunda palestra no maior evento de imersão tecnológica no mundo, Paulo destaca as conquistas do Super K em 2019: criação do projeto para tornar o game em gibi, no qual será contada a história de uma criança negra que, ao ser diagnosticada com câncer, ganha poderes e vira um super-herói; aprovação da Lei Super K vs Câncer na Câmara da cidade de Grossos, no RN, e a espera pela aprovação da lei no Senado, que, caso seja aprovada, deve entrar em vigor em todo território nacional.

Jogo Super K vs Câncer diminui os efeitos colaterais da quimioterapia em crianças (Foto: Francisca Pires/Caderno de Pauta)

Paulo cita por diversas vezes, inclusive em entrevista a nossa equipe, a garotinha que conheceu e motivou a criação do jogo. Ela acabou morrendo meses depois, vítima de um câncer severo, porém o jovem nunca esqueceu o momento em que eles se conheceram e a lição de vida que ela deu, fazendo com que sua depressão melhorasse totalmente: “Tudo que eu fiz e faço é no intuito de retribuir o que aquela criança, que eu descobri que morreu meses depois, fez por mim. Aquela menina me ensinou que existiam problemas muito maiores que os meus. Ela morreu, mas eu tento manter a história dela viva através da ajuda que dou a outras crianças como ela”.
Com uma reflexão motivadora,
Paulo finaliza sua palestra
(Foto: Francisca Pires/Caderno de Pauta)

Em um dos últimos slides de sua apresentação, Paulo faz uma alusão interessante: uma situação comum a pessoas que fazem tratamento com quimioterapia é a perda de cabelo. Sendo assim, o palestrante compara nossos problemas a fios de cabelo e conclui genialmente: “Pare e pense que seu problema de hoje é do tamanho de um fio de cabelo. Pequeno né? Agora pense que para nos livrarmos de um fio de cabelo basta arrancá-lo da cabeça. Faça isso hoje. Arranque da sua cabeça seu problema e essa ideia de que você não é capaz. Todo mundo é capaz”, finalizou Paulo.

Um comentário: