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Motores do Desenvolvimento no Rio Grande do Norte [ATO EXTRA]

Por Augusto Ranier e Yuri Gomes

Foto retirada da Fanpage do Deputado Estadual Hermano Morais

ATO EXTRA: OUTROS PERSONAGENS

Empresários, políticos, ou ambos, anônimos ou ilustres, reconhecidos com tímidos acenos ou breves tapinhas nas costas têm algo a contar, lembrar e, claro, a reclamar. Queixam-se desde o atraso, com razão, até a falta de atitude da juventude que vive no celular e não gosta de trabalhar.

São palpiteiros e/ou protagonistas da economia e política regional e nacional. Até mesmo aqueles que negam emitir posições sabem que precisam estar ali. Enfiados em seus ternos figuras como essas, no último dia 05, lotaram um grande hotel da capital potiguar para ouvir duas "celebridades" - uma do meio empresarial, Flávio Rocha, e outra do governo, Henrique Meirelles - fazerem seus discursos reciclados sobre os rumos certos que o Rio Grande do Norte e o Brasil devem tomar. 



"Voto em Homem, não em partido"


Um empresário do setor de postos, um senador da república e o fundador de uma famosa sorveteria do estado são os personagens desta matéria.

"Voto em homem, não em partido. Acho o Alckmin um bom candidato. O Meirelles (apontando para o palco) é um excelente nome", disse Haroldo Pinheiro Borges, empresário do setor de postos, primeiro entrevistado que abre o primeiro ato desta série de reportagens. Ele vê com incertezas a eleição deste ano, teme a ascensão de um populista. Na opinião do empresário "Lula e qualquer candidato populista é um perigo real para o Brasil". No entanto, ao ser perguntado sobre sua opinião acerca do candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro, diz: "não tenho simpatia por extremista, mas acho que o Brasil precisa de um baque para acordar".

Acredita que a Justiça do Trabalho representa um empecilho ao desenvolvimento do país, pois seus métodos são totalmente arbitrários e estimulam o conflito entre empregados e empregadores. Prega uma opinião meritocrática sobre o trabalho: "Se o sujeito quer trabalhar dez horas, ele deve poder trabalhar e ser recompensado por isso. Não vejo problema algum quanto a isso. Os cubanos fugidos chegam em Miami e ficam ricos porque trabalham muito. Eu não cobro horário aos meus funcionários, apenas peço que façam o serviço". 

A conversa é interrompida por Antônio Leite Jales, diretor de uma fábrica de sorvetes, que cumprimenta Haroldo e, ao saber da presença de dois iniciantes no jornalismo, elogia o trabalho, mas aconselha: "rapazes, priorizem as boas notícias, se eu estivesse lá em cima, só deixaria os jornais publicarem notícias positivas, basta de pessimismo e coisa ruim. E já dou uma palavrinha a vocês, ok?", prometeu o empresário.



O Senador


Terminada a primeira palestra, a movimentação pela entrada do hotel foi grande, muitos não esperaram a chegada do atrasado Henrique Meirelles. Entre eles, estava o senador José Agripino Maia (DEM-RN) sozinho mexendo em seu celular. Agripino Maia é senador há 31 anos. Abordado, ele prontamente se dispôs a responder breves perguntas.

O ex-governador do RN e ex-prefeito de Natal esclareceu sobre a nomeação de um candidato à presidência da república pelo seu partido e afirmou: "o Rodrigo Maia, que é presidente da Câmara e que tem verbalizado muitas opiniões com muita coragem e competência, vai fazer a interpretação das ideias do partido. É claro que você pode ter candidatos se você tiver ideias que sejam aceitas pela opinião pública, que se traduzem em pesquisa. Então, se as pesquisas mostrarem que daqui até o mês de maio, que se aquilo que ele [Rodrigo Maia] verbaliza em nome do partido tiver apelo popular, a candidatura se consolida. Do contrário, a gente vai parar e pensar na nossa alternativa".

De fato a candidatura consolidou-se e na convenção do último dia 08, o partido Democratas lançou Rodrigo Maia como pré-candidato à presidência da república. Porém, até o momento, o atual presidente da Câmara não aparece com porcentagem de votos relevante nas pesquisas de intenção de voto. Em recentes entrevistas, Rodrigo Maia evitou associar sua imagem à de Michel Temer, mesmo sendo, na teoria, da base do governo.

O apoio do DEM ao atual governo é o centro do questionamento feito ao senador Agripino, que foi enfático ao dizer: "DEM é DEM, PMDB é PMDB. Nós temos nossas ideias, muitas delas coincidentes com as do PMDB e do atual governo. Não confundam..." justificando que um eventual governo do Democratas não seria uma continuidade do governo de Michel Temer.

"O Democratas ofereceu um ministro, o PR, um ministro; enfim, todos os partidos do governo de coalizão indicaram ministro, mas não significa alinhamento automático, nem muito menos vinculação a padrões éticos de quem quer que seja, não", disse numa tentativa de evitar uma associação do seu partido com o presidente mais impopular da história democrática do Brasil. 



O sorveteiro


Terminado o evento, Antônio Leite Jales, fundador e diretor da maior fábrica de sorvetes do estado, cumpriu sua promessa e atendeu os dois repórteres.

"Só quero que Deus ilumine a cabeça dos próximos dirigentes", isentando-se de dizer suas preferências no pleito de outubro deste ano. Para o natural de Messias Targino (RN), sua prece por uma iluminação divina na política não renderá frutos para sua vida, mas para "vocês que são mais jovens".

Para o empresário, apesar da crise de desconfiança sem precedentes que a sociedade brasileira atravessa, o Brasil é "o melhor país do mundo, que gera muitas oportunidades".

Em tom profético, despedindo-se das perguntas, "estou sem tempo", arremata: "não tenham dúvidas que seus filhos e netos terão muito orgulho disto aqui (apontando pra terra)" . Amém.

Cortinas se fecham, apagam-se as luzes.

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