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A Política por Trás da Bola: Grupo A

Uma série de perfis nem tão futebolísticos dos 32 países da Copa do Mundo da Rússia 

Por Anthony Matteus

A Arábia Saudita, de Abdul Aziz Al-Saud e a Rússia, de Vladimir Putin farão a abertura da Copa do Mundo 2018. Edição: Paulo Prado/Caderno de Pauta

O Grupo A da Copa do Mundo pode ser dividido em dois, quando se fala em tradições das seleções no torneio. Rússia - que herdou as campanhas da União Soviética - e Uruguai possuem mais de dez participações cada, enquanto Arábia Saudita e Egito, contado com essa edição, somam apenas 8 aparições. Quando o assunto é o momento político, os países guardam suas peculiaridades.

Acompanhe a política por por trás da bola de Rússia, Uruguai, Arábia Saudita e Egito, e também uma breve avaliação sobre as suas seleções. 

Rússia

O país do Leste Europeu, anfitrião desta edição da Copa do Mundo, segue o modelo republicano, com divisão dos três poderes: executivo, legislativo e judiciário. O sistema político é semipresidencialista, tem o presidente como Chefe de Estado e o Primeiro-Ministro como Chefe de Governo.

Apesar de se apresentar ao mundo como uma democracia, a Rússia figura na 135ª colocação no total de 167 países, em uma pesquisa de 2017 que evidencia o nível democrático das nações, organizada pela revista britânica “The Economist”. O estudo classifica o país como um regime autoritário. O atual presidente, Vladimir Putin, está no poder desde 1999. A sucessão de dois mandatos consecutivos de seis anos é permitida e, para perdurar por todo esse tempo, Putin sempre trocou de lugar com o seu atual Primeiro-Ministro, Dmitri Medvedev.

Para o torneio, os russos não vêm com muita confiança. O retrospecto recente não é bom e a seleção não conseguiu passar da primeira fase das últimas três competições internacionais que participou: Copa do Mundo, em 2014; Eurocopa, em 2016; e a Copa das Confederações, em 2017. Os anfitriões devem brigar pela segunda vaga às oitavas, junto ao Egito e a Arábia Saudita.

Uruguai

Representante da América do Sul no Grupo A, o Uruguai, país com pouco mais de 3,3 milhões de habitantes, tem uma democracia semi-representativa, na qual o governo é escolhido por meio de eleições e toma as decisões no país, mas se mantém a representação do povo diretamente, através de plebiscitos e referendos em determinadas situações. O atual presidente é Tabaré Vázquez, que já assumiu o cargo entre os anos de 2005 e 2010. Pela constituição uruguaia não é permitida a reeleição imediata.

O Uruguai é reconhecido por ser o país mais progressista da América Latina, tendo sido o primeiro a legalizar o consumo e a venda de maconha, permitir o casamento homoafetivo e a adoção homoparental. No ranking de democracia da “The Economist”, o país é o 18º colocado, o primeiro e único de toda a América Latina a ser caracterizado uma democracia plena. Antes muito dependente economicamente dos vizinhos, Brasil e Argentina, conseguiu se desprender e crescer nos últimos anos, principalmente por causa da agropecuária e do turismo.

A seleção celeste é a principal favorita do grupo a passar de fase. Com mais tradição, a bicampeã mundial vai para a sua 13ª participação no torneio. Os vizinhos do Brasil contam com nomes experientes, de jogadores que atuam em grandes clubes, como é o caso do zagueiro do Atlético de Madrid Diego Godín e dos atacantes Edinson Cavani e Luis Suárez, do Paris Saint-Germain e Barcelona, respectivamente.

Arábia Saudita

A Arábia Saudita é um dos países mais fechados do mundo, o governo é uma monarquia absoluta islâmica wahhabista. Regido pelas leis da religião islâmica, o lema nacional escrito na bandeira do país é a frase: “Não há Deus senão Alá, e Maomé é seu mensageiro”. O atual rei, Salman bin Abdulaziz, assumiu o poder em 2015, após a morte do seu meio irmão.

A constituição do país é o Alcorão e os julgamentos criminais baseiam-se na lei da sharia. Por essa razão, as liberdades individuais são restritas e adultério, homossexualidade, consumo de drogas, roubo e desrespeito ao Islã são punidos com pena de morte ou castigos físicos, os quais incluem decapitações, amputações e flagelações. Recentemente, as mulheres receberam a permissão de dirigir e de frequentar estádios de futebol.

Os sauditas vão à Rússia para a sua quinta participação em Copas do Mundo. Na primeira delas, em 1994, a seleção conseguiu o melhor desempenho até aqui, quando conseguiu avançar às oitavas de final. A equipe conseguiu se classificar nas eliminatórias asiáticas em um grupo que tinha Japão e Austrália.

Egito

Os egípcios voltam a participar da Copa do Mundo depois de 28 anos de ausência. O país africano viveu até o ano de 2011 sob a ditadura Hosni Mubarak, que perdurou 30 anos; e vive agora uma fase conturbada. Após a queda de Mubarak foi feita uma eleição para presidente. O presidente foi escolhido, mas um ano depois sucumbiu à junta militar, liderada por Abdul Fattah al-Sisi, que tomou o poder.

Neste ano, houve eleição presidencial no Egito e Abdul Fattah al-Sisi foi reeleito. Fator curioso foi quem ficou em segundo lugar: um jogador de futebol que nem sequer havia se candidatado, Mohamed Salah, ídolo de uma geração de egípcios. A aparição de Salah nas eleições também pode ser encarada como um protesto do povo, que desde a queda de Mubarak veem o Estado em uma crise política.

Os “faraós” não têm muita tradição no torneio mundial, esta é apenas a terceira edição que eles estarão presentes. Apesar disso, o Egito é o maior campeão da Copa das Nações Africanas e para este ano guarda suas esperanças na estrela Mohamed Salah. O atacante do Liverpool, da Inglaterra, vive grande momento e, se estiver bem fisicamente, pode levar a seleção à próxima fase.

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