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Inflação para mês de março é a menor em 24 anos

A inflação oficial brasileira registrou variação de 0,09% e acumula 2,86% em 12 meses

Por Yuri Gomes

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o mês de março, divulgado nesta terça (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o menor para o mês desde o Plano Real. A queda da inflação foi de 0,23 p.p. em relação à taxa de fevereiro, a qual registrou 0,32%. No mesmo período do ano passado o IPCA alcançou os 0,25%.

Os três primeiros meses de 2018 somam variação de 0,7%. Este resultado distancia ainda mais a inflação do piso da meta, que é 3,0%. A meta de inflação para o ano é de 4,5%, com variação de 1,5 p.p. para cima ou para baixo.

Segundo o relatório de inflação do Banco Central, a inflação baixa tem justificativa na alta ociosidade da produção e no nível desemprego, o qual ainda continua alto (hoje em 12,6 % ou 12,7 milhões de pessoas). Este cenário, juntamente com a pequena diminuição dos gastos governamentais alimentam um pequeno consumo (demanda agregada), e pressiona os preços para baixo.

Foto: Thiago Gomes/AGÊNCIA PARÁ DATA

Dentre os itens pesquisados, os preços com transportes e comunicação registraram deflação de 0,25 e 0,33 %, respectivamente. O impacto negativo destas variações no índice geral foi de -0,01 e – 0,05 p.p.

O grupo dos transportes, ajudou a puxar a inflação para baixo em decorrência da queda nos preços das passagens áreas (-15,42%). Os preços dos combustíveis e transporte público também registraram queda em relação a fevereiro: – 0,04 e – 1,08%, respectivamente.

Os preços com comunicação variaram negativamente influenciados pela redução das tarifas de ligações locais e intermunicipais de telefones fixos para móveis. A queda foi determinada em 25 de fevereiro pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

O grupo de saúde e cuidados pessoais exerceu o maior impacto positivo no nível de preços, representando 0,06 dos 0.09 p.p. do IPCA do mês. Os planos de saúdes contribuíram com variação de 1,06% neste grupo. É assim, o maior peso individual do mês, 0,04 pontos percentuais.

A cesta de itens do cálculo do IPCA que mais pesam no orçamento dos brasileiros, a de alimentação e bebidas, teve pequena variação positiva de 0,07%. Em fevereiro, este grupo caiu 0,33% A variação foi puxada pelo aumento nos preços das frutas (5,32% e 0,05p.p.). Em compensação, outros gêneros alimentícios registraram deflação, tais como: cereais, leguminosas e oleaginosas (-1,65%) e carnes (-1,18%).

O IPCA é calculado mensalmente pelo IBGE e abrange as famílias com renda mensal entre 01 e 40 salários mínimos. O índice é uma média ponderadas dos preços de uma cesta de produtos observados em 13 regiões metropolitanas brasileiras. Os pesos de cada produto variam de acordo com sua participação no orçamento das famílias. O grupo alimentação e bebidas, por exemplo, corresponde a 1/4 do IPCA.

Taxa Selic e Flexibilização Monetária

O Banco Central projetou a inflação anual em 3,68%, ante os 3,96% projetados em dezembro do ano passado. Essa previsão abre espaço para um novo corte na Taxa Selic. Atualmente a taxa base encontra-se no menor patamar da história, fixada em 6,5% ao ano. No entanto, o BC garantiu que esse período de flexibilização monetária terminará na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Nada muda

Em coletiva dada à imprensa, no último dia 29, acerca do Relatório de Inflação, o Presidente do Banco Central Ilan Goldfajn negou comentários sobre as mudanças nos Ministérios da Fazenda e Planejamento. “Nunca comentei sobre equipe econômica. Não vai ser na última semana que eu vou comentar”, afirmou a Reuters. No entanto, garantiu que as diretrizes da política monetária não vão mudar.

Acerca da tentativa do Governo de liberar 20 bilhões a estados e municípios em ano eleitoral, Goldfajn também esquivou-se de maiores declarações. Somente garantiu que nada muda em relação à regulamentação de fevereiro do Tribunal de Contas da União, a qual proibia empréstimos aos entes federais sem garantias para com a União, e esta recorreu à Advocacia Geral da União pela liberação.

“Nada muda, o Banco Central tem tido um foco prudencial e de risco. Nossa medida tem a ver com isso. Não nos manifestamos sobre a legalidade. A medida do TCU não vai mudar” disse.

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