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Um papo sobre casemods com Maciel Barreto

Por Luiz Gustavo Ribeiro


Maciel (à direita) durante a apresentação na Campus Party Natal (Foto: Grupert)

De Itajuípe, no interior da Bahia, para o mundo. Especialista em casemods, especificamente nos “scratch buildings”, a técnica que consiste em construções de casemods do zero, o modder Maciel Barreto é conhecido internacionalmente por suas obras e acumula diversos prêmios na modalidade. 

No palco Coders & Makers da Campus Party Natal, Maciel ministrou a palestra “Evolução do Casemod”. O modder comentou sobre o espaço que as modificações nas CPUS vem ganhando no mundo, além de traçar análises sobre os investimentos, as competições e sobre suas experiências no mundo dos casemods. 

Após a apresentação, Maciel Barreto contou mais sobre a sua história e sobre os casemods em uma entrevista exclusiva, confira:

CP: Como você começou a construir casemod e como é processo?

MB: Na verdade, quando eu comecei a construir eu nem sabia que existia casemod. Na ideia inicial, eu tinha um computador muito velho, muito caído e, além de querer deixá-lo com uma aparência bonita, eu queria melhorar o sistema de refrigeração, porque ele esquentava demais, chegava a fumaçava.


CP: De onde vem as inspirações para suas obras? E para você, o que é mais importante no casemod? 

MB: As minhas inspirações sempre vêm de coisas inusitadas. Criar algo que as pessoas nunca imaginaram que poderia ser um computador. E o objetivo que eu acho do casemod, é que ele tem que ser aliado à beleza, com a harmonia interna entre o hardware e a refrigeração, com o conjunto de organização de fios, essas coisas. No meu ponto de vista, as pessoas podem fazer um casemod em casa, não tão complexos, mas quando você faz uma pintura, um corte simples, quando você pinta e adesiva já está fazendo casemod. Você está personalizando, deixando seu equipamento do seu estilo. 


CP: E como você faz esse processo criativo nos seus? Qual a diferença do início da carreira para agora?

MB: Bom, a diferença é a facilidade e a experiência que eu adquiri ao longo dos anos, estou fazendo um processo mais rápido. E, por consequência , por ser de um nível mundial, as empresas têm um acesso mais fácil. Você consegue as peças de última geração para construir um projeto mais legal.


CP: Como você enxerga essa cultura aqui no Nordeste?

MB: Eu vejo um investimento bom dos governos. Vários governadores acabam investindo muito, poderia ser mais, mas preciso reconhecer que há um investimento bem legal. A Campus Party Natal me surpreendeu pelo entusiasmo. As pessoas procuram muita informação, o que demonstra que está no caminho certo. 


CP: Fale um pouco sobre suas competições, como são e quais são os prêmios que você já ganhou?

MB: Eu já fui campeão mundial duas vezes e seis vezes campeão brasileiro. Já saí na Forbes, já fui convidado especial de vários eventos internacionais. Fui para Dubai, Taiwan, México, Colômbia, Salvador, Peru. Hoje, esses eventos, principalmente os internacionais, pagam bem. Eles bancam os equipamentos, pagando 20 mil reais. Acho que no total você ganha 50 mil reais. É muito legal porque você faz um trabalho que é reconhecido no mundo! Tem que estar contribuindo para o avanço da tecnologia de alguma forma, tanto nos equipamentos quanto na estética. 


CP: Quando foi que você construiu o seu primeiro casemod e qual o que você mais gostou de fazer?

MB: Teve vários que gostei, cada um em uma época. Mas o primeiro, teve uma dose toda especial; foi bem mágico. Aconteceu na primeira Campus Party do Brasil em 2008. E eu nunca imaginei que iria, um dia, participar de um evento dessa magnitude. Me deu acesso à vários empresários e me concedeu dois prémios, no primeiro projeto da minha vida. Foi o que me impulsionou a criar projetos mais complexos. 


CP: Qual a mensagem que você tenta passar com o seu trabalho para as pessoas que estão iniciando nessa cultura? 

MB: Quando eu comecei, não tinha dinheiro para pegar um ônibus pra ir para São Paulo, nem para comer. Hoje eu consegui um reconhecimento de nível mundial! Então, continue persistindo, continue querendo. Quando você tem um sonho, só uma coisa lhe impede de conquistá-lo: você mesmo. Vá até o fim, não desestimule. As pessoas hoje querem um sonho, mas na primeira dificuldade desistem, e esse é o maior erro.


Confira algumas fotos do trabalho de Maciel Barreto:






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