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Projeto Autonomus

Por Suzie Chagas

Conheça o projeto desenvolvido por alunos da UFRN que permite a comunicação de pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica 


O projeto Autonomus foi apresentado na mesa W3E no início da noite de sexta-feira (13), no evento da Campus Party Natal. A apresentação foi realizada pelos idealizadores do projeto e participantes do projeto Laboratório de Inovação e Saúde da UFRN (LISA) Beatriz Soares de Souza, Diego Bruno Dantas, Cefas Rodrigues, Hugo Granjeiro Soares e Gustavo Barbosa. Eles apresentaram o projeto que nasceu com o objetivo de dar autonomia na comunicação para deficientes sem coordenação motora, como os portadores de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).

O projeto começou a ser desenvolvido no ano de 2013 e no início, era um protótipo de capacete, colocado na cabeça dos pacientes, e fazia leituras das ondas cerebrais para interpretação de dados. Passou pela fase de óculos, lendo o movimento dos olhos e hoje se encontra na etapa de leitura gestual da face através da câmera de smartphones. Encontra-se tão avançado que é capaz de captar pequenas modificações nas expressões faciais dos pacientes.

O projeto Autonomus trabalha com os pacientes através de tecnologia assistida. Por uma câmera em um computador portátil, o usuário do Autonomus é capaz de trocar emails, ler livros e até mesmo falar. Tudo isso graças à tecnologia batizada de Mimico, em que os gestos da face são captados e traduzidos em ações no computador, tais como clicar, escolher músicas e rolar páginas.

Uma das desenvolvedoras do projeto, Beatriz Soares, aluna do Bacharelado de Ciências e Tecnlogia da UFRN, bolsista e pesquisadora no projeto Laboratório de Inovação e Saúde, conta em entrevista ao Caderno de Pauta os principais aprendizados que o projeto trouxe na sua vida e na vida dos pacientes que participam dele.


CP: O que o projeto Autonomus significa para você?

BS: A área da engenharia é uma área muito fria e entrar no projeto para mim, além de ser um grande desenvolvimento pessoal na área que eu quero trabalhar na minha vida, também foi uma oportunidade de ter relação com pacientes, com pessoas, relações humanas dentro das exatas, que é uma coisa muito difícil. Poder inovar, pode trabalhar, poder desenvolver que é uma coisa que eu gosto, e ainda mais tratando com pessoas, sentimentos, de ver o brilho no olhar de uma pessoa que digitou uma palavra, pra mim foi um desenvolvimento pessoal. Tanto pro meu âmbito profissional, como pro meu âmbito emocional. 


CP: Qual o principal impacto na vida dos pacientes com o projeto?

BS: A principal é a comunicação, todo mundo sabe que o ser humano não vive sem o meio social, você não poder falar, não poder se comunicar,com as pessoas ao seu redor é muito difícil. A gente vê nos olhos deles o quanto eles estão felizes de poder falar o nome da mãe deles, o nome da filha, poder falar o nome da irmã, poder conversar, poder dizer o que eles estão sentindo. O que eles estão precisando naquele momento. Então não só eles falam pra gente desse impacto na vida deles como também é visível.


CP: Vocês acham que existe limites para a tecnologia, para a relação entre humano x máquina?

BS: Eu acho duas coisas, para mim o limite da tecnologia é aquele limite que seus dados pessoais são expostos para qualquer um e você não está sabendo, como por exemplo os perigos da nuvem. Mas existem certas facilidades que a gente vai adotar, agora ou mais para frente, por exemplo eu não acho que a passagem do touch pelo comando de voz, foi além do limite, então eu também não acho que reconhecer as suas feições também passe dos limites. Pra mim, o limite diz a respeito a sua privacidade. Se é somente você e seu celular, pra ele compreender suas feições, eu acho que é um passo pra frente e não para trás, não acho que tenha um limite para isso. Quanto mais a gente puder facilitar nossa vida com a tecnologia a gente vai.


CP: O projeto Autonomus também está sendo desenvolvido para o uso cotidiano de pessoas comuns, sem deficiência. Quais os objetivos ao levar o projeto para além do uso dos deficientes?

BS: Toda tecnologia surge por um motivo mas não necessariamente ela fica nesse motivo. Por exemplo, a pessoa que criou o raio X para ver ossos no ser humano, não foi a mesma pessoa que criou o raio X para ver malas no aeroporto. A tecnologia é criada por um motivo mas ela sempre tem a possibilidade de se alastrar. Então se a gente pode oferecer essa facilidade para um paciente, mas a gente também pode oferecer essa facilidade para uma pessoa que está precisando dar play na Netflix, por quê não?

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