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João Amoêdo: “O principal é não atrapalhar”

Por Augusto Ranier e Yuri Gomes

Em evento realizado pela Fiern, João Amoêdo, pré-candidato pelo NOVO, disse defender o Estado enxuto por meio das privatizações e maior liberdade econômica

João Amoêdo. Foto: José Aldenir/AgoraRN

O fórum Caminhos do Brasil teve início na segunda pa, 26 de março, e promete trazer todos os presidenciáveis para apresentarem suas propostas. Foi aberto pelo engenheiro, administrador de empresas e economista, João Amoêdo. Carioca com experiência no setor bancário fundou em 2011 o NOVO, pelo qual se candidata a presidente. O partido ganhou notoriedade recente por atrair a simpatia do apresentador Luciano Huck e o ex-treinador de Vôlei, Bernadinho.

Diz que se eleito, vai privatizar todas as empresas estatais.

“Do Banco do Brasil e da Caixa, também?”

“Também”

“Empresas estaduais também?”

“Empresas estaduais também”

Nas eleições de 2006, Geraldo Alckmin foi acusado de privatizador. Em resposta, apareceu usando uma jaqueta com o símbolo das estatais. A afeição nacional pelas riquezas do Brasil, não parece preocupar Amoêdo, que segue firme em suas ideias. Uma pesquisa do Instituto Datafolha em 2017 mostrou que 70% dos brasileiros são contra as privatizações. Em janeiro, o Instituto também sondou que apenas 1% declara voto em João Amoêdo. 

“Tá mais do que provado, na nossa opinião, que o Estado não é bom gestor. Deveria se dedicar às áreas básicas, como saúde, segurança e educação”, argumenta. “Lembrando que só nos últimos dois anos foram 40 bilhões de reais que essas 139 empresas estatais tiveram de prejuízo”.

Prefere não comentar outros assuntos. Perguntado se adotaria uma visão liberal na economia e conservadora nos costumes, relativizou. “Eu não gosto de misturar o que sou como pessoa física do que eu quero que as pessoas sejam como pessoa física”.

Mas.

“Mas eu respeito quem quer defender essa tese”.

Após uma entrevista separada com os jornalistas, foi ao palco. Expôs brevemente suas críticas ao paternalismo do Estado e à nossa pontuação baixa no Índice de Liberdade Econômica. Pouco acima da Coréia do Norte. Além das privatizações, pretende simplificar o sistema tributário e realizar uma nova reforma trabalhista. 

Para combater a pobreza – e não a desigualdade, como costuma dizer – defende a prioridade da educação básica. 

“Pra mim o melhor caminho é dar a oportunidade para que essas pessoas tenham acesso ao ensino privado. Ao invés do Estado estar gastando dinheiro construindo escola, contratando professor, gastando nos materiais; por que não fornecer direto o dinheiro para as pessoas que vão utilizar o serviço e dar a elas a oportunidade de entrar na iniciativa privada?”

Exceto a excitação geral da plateia quando falou sobre ser contra o instituto do desarmamento, suas falas eram recebidas com pouco entusiasmo. 

Os próximos meses passará viajando o Brasil e expondo suas ideias. A preocupação em detalhar propostas e embasar números certamente lhe trará poucos aplausos. O baixo percentual de votos (1%) não o desanima. O importante é competir. E entre a gritaria do nosso processo democrático, pouco será ouvido. Talvez, de fácil caricatura e curta credibilidade. 

Mesmo assim, como ar fresco ao pulmão, são importantes novos partidos, novas práticas. Um olhar para o futuro, onde não assistamos a política bestializados, citando Aristides Lobo. 

Por enquanto, o factual são bolsonaros, marielles, lulas e temers. 

E a estranha admiração pela sensatez, quando apenas a falta dela deveria ser notada. 

João Amoêdo deixa o palco. Termina sua passagem pelo Nordeste. Segue para o Sul onde fará eventos em Curitiba, nos dias 11 e 12 de Abril. 

Antes de partir, pergunto. 

“Se o Dória é o João Trabalhador, que João é você?”

“Eu diria que sou o João Corajoso”.

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